CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de Governo da Prefeitura de São Paulo, Rui Falcão, classificou como "substituição rotineira" a exoneração do secretário Eduardo Jorge (Saúde). "Não há razão para polêmica." Coube a ele, a pedido da prefeita Marta Suplicy, dar explicações sobre a demissão do secretário.
Numa carta que divulgou ao deixar o cargo, Eduardo Jorge fez duras críticas à prefeita. Disse que ela força o loteamento político das coordenadorias de saúde da cidade e não prioriza o Programa Saúde da Família (PSF). Ontem, o ex-secretário voltou à carga ao afirmar que há uma disputa "por nacos de poder" municipal.
Falcão confirmou que a prefeita não está disposta a ampliar o PSF. De acordo com ele, a troca de secretário ocorreu porque, em dezembro último, a prefeitura constatou alguns problemas no setor: "Atendimento hospitalar sobrecarregado, postos de saúde carecendo de reformas e equipamentos e frota de ambulância que necessitava de ampliação".
Sobre as críticas de Jorge ao loteamento político das coordenadorias de saúde que, segundo o ex-secretário, beneficiariam vereadores, Falcão afirmou que "a crítica à política de alianças é tardia e nunca foi questionada anteriormente pelo secretário".
Ele disse que, na saúde, todos os cargos foram preenchidos por Jorge com pessoas ligadas ao PT e ao PSDB. "A prefeita deu carta branca a ele." Questionado se o novo secretário, Gonçalo Vecina, também teria a mesma carta branca, Falcão respondeu: "Não sei se ela vai dar a mesma autonomia que deu ao outro secretário e não sei se ele vai pedi-la". Vecina disse ontem que não vê obstáculos em ouvir os vereadores.

Reações no Legislativo
O presidente do diretório municipal do PT, vereador Ítalo Cardoso, divulgou nota ontem na qual afirma que "é uma acusação descabida e profundamente infeliz" a declaração do vereador Carlos Neder (PT), de que "a governabilidade em SP se sustenta no loteamento de cargos por meio de negociações individuais com parlamentares". As afirmações de Neder foram feitas anteontem.
"Carlos Neder participa de todas as reuniões da bancada e das reuniões desta com o Executivo, onde a relação partido-governo e a política de alianças é discutida", diz o documento.


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