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SOB NOVA DIREÇÃO
Na sua primeira reunião com a equipe herdada do antecessor, prefeito diz que tucano continua no comando
Na dúvida, podem procurar o Serra, diz Kassab a secretários
DA REPORTAGEM LOCAL
O novo prefeito de São Paulo,
Gilberto Kassab (PFL), assumiu o
cargo no início da noite de ontem
prometendo dar continuidade a
todos os programas implantados
por José Serra (PSDB).
Numa rápida entrevista coletiva, concedida na sede da prefeitura após uma reunião do tucano e
do pefelista com os secretários
municipais, Kassab disse que deseja ser julgado pela sua capacidade de ser fiel aos compromissos
assumidos por ele e Serra em
2004, durante a campanha.
Questionado sobre qual será a
marca de sua administração ao final do mandato, respondeu: "Minha marca será dar continuidade
ao programa de José Serra."
E ressaltou que qualquer dúvida
ou proposta que os secretários
municipais tenham podem ser levadas diretamente ao tucano ou a
Aloysio Nunes Ferreira, secretário de Governo que Serra manteve
no cargo para tutelar o novo prefeito e manter controle rígido sobre a administração até a eleição
deste ano -na qual o tucano disputará o cargo de governador.
Pelo plano inicial, seria aberta à
imprensa a reunião em que o tucano encerrou suas atividades como prefeito e o pefelista iniciou
seu comando na cidade.
Mas, momentos antes, Serra resolveu vetar a presença dos jornalistas, que ficaram aguardando no
saguão do gabinete do prefeito.
O tucano avaliou que uma nova
exposição sua à mídia, despedindo-se do cargo na frente de todo o
seu secretariado, poderia potencializar o desgaste provocado pela
quebra de seu compromisso de
permanecer à frente da prefeitura
por quatros anos.
Reunião fechada
Serra se emocionou na despedida, segundo secretários ouvidos
pela Folha. Agradeceu o empenho dos assessores e disse que, na
medida do possível, estará junto
deles nos próximos anos. Foi
aplaudido de pé por um minuto.
O tucano pediu a Kassab atenção redobrada. Disse que a oposição ao PSDB e a imprensa vão cobrá-lo o tempo todo.
Kassab, por sua vez, pediu a colaboração dos secretários na execução dos projetos iniciados por
Serra -"que continuará sendo o
comandante da cidade", afirmou.
O texto do discurso escrito na
tarde de ontem por Kassab, e que
à noite foi distribuído à imprensa,
cita duas metáforas.
A primeira: "Vejo-me assumindo a condição de maestro no lugar deste talentoso maestro que é
o prefeito José Serra. Mas seguiremos executando a mesma melodia, com os mesmos instrumentos, a mesma orquestra, exatamente no mesmo ritmo e em exata harmonia com os anseios da
população."
Foi uma imagem semelhante à
sugerida por Serra no discurso de
renúncia do cargo, proferido no
Anhembi momentos antes.
A segunda metáfora de Kassab:
"Meu papel como comandante é
seguir a rota já traçada e não me
desviar dela. Tenho de levar o vôo
até o fim, com segurança, sem
turbulências, até o destino estabelecido pelo grande comandante
que nos liderou desde a decolagem [referindo-se a Serra]".
Após a reunião fechada, Kassab,
falando baixo e com voz monocórdia, concedeu uma curta entrevista coletiva. Foi questionado
se permitirá o loteamento político
das subprefeituras da cidade como forma de garantir governabilidade e maioria na Câmara.
"Serão mantidas as diretrizes
estabelecidas no primeiro ano de
governo", respondeu o novo prefeito, dizendo que Serra não adotou esse procedimento.
Kassab também foi instado a
comentar se o fato de o PFL assumir ao mesmo tempo os governos
do Estado e do município de São
Paulo significariam um acúmulo
de poder. "Não existe PFL nessa
administração. Existe uma aliança eleita sob o comando de Serra e
essa aliança vai continuar governando a cidade", respondeu.
A dupla Serra-Kassab foi eleita
sob uma aliança de três partidos:
PSDB, PFL e PPS. Antes de deixar
a sede da prefeitura, Kassab ainda
declarou: "São Paulo não quer e
não vai perder José Serra."
(FABIO SCHIVARTCHE)
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