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SOB NOVA DIREÇÃO
Ex-prefeito afirma que seu sucessor não é um "novato" e enfatiza a idéia de que nada mudará na prefeitura
Passado de Kassab não o desabona, diz Serra
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao renunciar ontem à Prefeitura de São Paulo, José Serra (PSDB)
defendeu o sucessor, Gilberto
Kassab (PFL), dizendo que o pefelista não é um ""novato" na administração. Ressaltou que "alianças
impróprias" do passado não o desabonam, em referência ao fato de
o novo prefeito ter sido secretário
do Planejamento de Celso Pitta.
""Isso [a ligação com Pitta] não
pode ser entendido como uma
decretação de falência múltipla
dos órgãos para exercer cargos
públicos para o resto da vida",
afirmou Serra, em entrevista concedida no salão de convenções do
Anhembi, empresa municipal escolhida pelo tucano como local de
sua renúncia. ""Quanta gente não
realizou boas contribuições para
o Brasil e, em determinados momentos, assumiu alianças políticas que ao longo dos anos se revelaram impróprias?", completou.
Kassab foi acusado de enriquecimento desproporcional de seu
patrimônio, que teria ocorrido no
período em que foi auxiliar de Pitta. O Ministério Público Estadual
acabou arquivando o processo.
No momento da renúncia, uma
grande manifestação de professores ocorria em frente à sede do
Executivo municipal, no centro
da cidade. Serra havia passado a
manhã e parte da tarde em casa e
seguiu para o Anhembi, às 15h30,
de helicóptero. Na pista do Campo de Marte, onde a aeronave
pousou, ainda teve reunião com o
presidente da Câmara Municipal,
Roberto Tripoli (sem partido).
Só no início da noite, quando o
protesto dos professores já tinha
se encerrado, ele se dirigiu à prefeitura para uma última reunião.
"Novato"
No discurso de renúncia -Kassab não estava presente no evento-, o tucano reforçou a idéia de
que não haverá mudanças na administração. ""Kassab não é um
recém-chegado. Não desembarca
na prefeitura como um novato. É
um engenheiro que me acompanhou de perto nos últimos 15 meses", disse Serra. ""Muda o maestro, mas a orquestra é a mesma, a
partitura é a mesma", afirmou o
tucano, ressaltando que pretende
fazer muita ""tabela" com o novo
prefeito, caso se eleja governador.
Rodeado por secretários de postos-chave, como o das Finanças e
de Planeamento, Serra disse ainda
que não haverá mudanças na
equipe. ""Muda o técnico, continua o time." Segundo acordo fechado entre tucano e pefelista, secretários aliados do ex-prefeito
serão mantidos até as eleições.
Serra pretende manter um controle sobre a máquina administrativa durante a campanha. Ao
público, diz que continuará opinando sobre questões da cidade,
""mas como qualquer cidadão".
Na entrevista após o discurso,
Serra falou sobre seu maior acerto
e seu maior erro durante seus 15
meses de mandato. O acerto, disse, foi não lotear os cargos das
subprefeituras para obter apoio
na Câmara. Afirmou, inclusive,
que vereadores do centrão -grupo de 21 vereadores que se dizem
independentes- chegaram a elogiá-lo por isso, apesar de deixarem claro que queriam os cargos.
Quanto ao seu maior erro, Serra
afirmou que foi sua impaciência
no início da gestão, em 2005.
"Serra mentiu"
A cidade amanheceu com dezenas de faixas que acusavam Serra
de mentir por deixar o cargo antes
do prazo mesmo tendo assinado
um documento no qual garantia a
permanência na prefeitura por
quatro anos. Questionado sobre o
assunto, resumiu: "É o PT. Nada
mais previsível porque eles não
têm mais coisa para dizer". Os petistas negam a autoria das faixas.
Ainda ontem, o vereador Paulo
Fiorilo, presidente do Diretório
Municipal do PT, disse que entrará com representação no Ministério Público Eleitoral questionando o fato de Serra ter realizado um
ato partidário em um prédio ligado ao setor público, o Anhembi.
Para o vereador petista, isso vai
contra a legislação.
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