São Paulo, quarta, 1 de abril de 1998

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JUSTIÇA
Tribunal do Júri considerou Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, culpado da acusação de comandar quadrilha no RJ
Traficante é condenado a 209 anos de prisão

JAQUELINE RAMOS
free-lance para a Folha

SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

O traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, 31, foi condenado, na madrugada de ontem, a 209 anos de prisão pela prática de 11 homicídios. Os sete jurados reunidos pelo 4º Tribunal do Júri do Rio consideraram Uê culpado da acusação de comandar a quadrilha que, na disputa por pontos de vendas de drogas no morro do Alemão (Bonsucesso, zona norte), chacinou 11 rivais, no dia 13 de junho de 1994.
Um dos mortos na chacina do morro do Alemão era o traficante Orlando da Conceição, conhecido como Orlando Jogador.
Apontado pela polícia como companheiro de Uê, Elpídeo Rodrigues Sabino, o Tide, também foi julgado ontem. Os jurados o condenaram a 154 anos de prisão.
O julgamento durou 12 horas. Uê negou todas as acusações de homicídio ao juiz Sidney Rosa da Silva. Segundo a Polícia Civil, Uê teria preparado uma emboscada contra Orlando Jogador, com o objetivo de obter o comando dos 18 pontos de tráfico no complexo de favelas do morro do Alemão.
De acordo com o inquérito, Uê pedira a Orlando Jogador o empréstimo de armas, que seriam usadas em um assalto.
Ainda segundo a polícia, os dois traficantes teriam marcado um encontro na favela Nova Brasília, que faz parte do complexo do Alemão. Uê teria chegado na companhia de cerca de cem homens armados, com a intenção de eliminar o grupo liderado por Orlando Jogador.
O soldado da PM José Carlos Pinto estava chegando ao morro quando foi morto pelo bando de Uê. A polícia acredita que o traficante confundiu o policial militar com um integrante da quadrilha de Orlando Jogador. No total, 11 homens foram assassinados no ataque à favela. Os corpos foram abandonados em diferentes pontos da cidade.
Em março de 96, Uê foi preso em Fortaleza, passando a cumprir pena de sete anos por tráfico de drogas no presídio de segurança máxima Bangu 1. No ano passado, o traficante foi condenado a mais 27 anos de prisão, por formação de grupo armado para traficar drogas. Em 97, Uê foi acusado de participar da morte de Ozéas Gonzaga de Souza, o Mau Mau, dentro do presídio Bangu 1. O envolvimento de Uê no crime não foi comprovado no inquérito da Polícia Civil. O advogado de Uê, Ciro Sagrillo dos Reis, anunciou a intenção de recorrer da sentença de ontem ao Tribunal de Justiça.



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