|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JUSTIÇA
Tribunal do Júri considerou Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, culpado da acusação de comandar quadrilha no RJ
Traficante é condenado a 209 anos de prisão
JAQUELINE RAMOS
free-lance para a Folha
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
O traficante Ernaldo Pinto de
Medeiros, o Uê, 31, foi condenado,
na madrugada de ontem, a 209
anos de prisão pela prática de 11
homicídios. Os sete jurados reunidos pelo 4º Tribunal do Júri do Rio
consideraram Uê culpado da acusação de comandar a quadrilha
que, na disputa por pontos de vendas de drogas no morro do Alemão (Bonsucesso, zona norte),
chacinou 11 rivais, no dia 13 de junho de 1994.
Um dos mortos na chacina do
morro do Alemão era o traficante
Orlando da Conceição, conhecido
como Orlando Jogador.
Apontado pela polícia como
companheiro de Uê, Elpídeo Rodrigues Sabino, o Tide, também
foi julgado ontem. Os jurados o
condenaram a 154 anos de prisão.
O julgamento durou 12 horas. Uê
negou todas as acusações de homicídio ao juiz Sidney Rosa da Silva.
Segundo a Polícia Civil, Uê teria
preparado uma emboscada contra
Orlando Jogador, com o objetivo
de obter o comando dos 18 pontos
de tráfico no complexo de favelas
do morro do Alemão.
De acordo com o inquérito, Uê
pedira a Orlando Jogador o empréstimo de armas, que seriam
usadas em um assalto.
Ainda segundo a polícia, os dois
traficantes teriam marcado um
encontro na favela Nova Brasília,
que faz parte do complexo do Alemão. Uê teria chegado na companhia de cerca de cem homens armados, com a intenção de eliminar o grupo liderado por Orlando
Jogador.
O soldado da PM José Carlos
Pinto estava chegando ao morro
quando foi morto pelo bando de
Uê. A polícia acredita que o traficante confundiu o policial militar
com um integrante da quadrilha
de Orlando Jogador. No total, 11
homens foram assassinados no
ataque à favela. Os corpos foram
abandonados em diferentes pontos da cidade.
Em março de 96, Uê foi preso em
Fortaleza, passando a cumprir pena de sete anos por tráfico de drogas no presídio de segurança máxima Bangu 1. No ano passado, o
traficante foi condenado a mais 27
anos de prisão, por formação de
grupo armado para traficar drogas. Em 97, Uê foi acusado de participar da morte de Ozéas Gonzaga
de Souza, o Mau Mau, dentro do
presídio Bangu 1. O envolvimento
de Uê no crime não foi comprovado no inquérito da Polícia Civil. O
advogado de Uê, Ciro Sagrillo dos
Reis, anunciou a intenção de recorrer da sentença de ontem ao
Tribunal de Justiça.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|