São Paulo, quinta, 1 de maio de 1997.

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AIDS 2
Junto com as mulheres e os pobres, grupos são considerados os mais vulneráveis à doença; Bird vai dar R$ 150 mi
Índio e jovem também são alvo de campanha

da Sucursal de Brasília

Índios, mulheres, adolescentes e a população de baixa renda serão os maiores beneficiários de acordo a ser firmado ainda neste ano entre o Bird (Banco Mundial) e o Ministério da Saúde para prevenir e dar assistência aos portadores da Aids.
Essas populações foram escolhidas porque, atualmente, são as mais vulneráveis à epidemia.
``A Aids mudou bastante de perfil ao longo dos últimos anos. Antes, a maioria dos infectados era homossexual ou usuário de drogas injetáveis em grandes centros urbanos. Hoje, há uma tendência à feminização, interiorização e pauperização da epidemia'', diz Pedro Chequer, coordenador do Programa Nacional de DST/Aids.
Os termos definitivos do acordo serão decididos no fim do mês, durante visita que o ministro Carlos Albuquerque (Saúde) fará à sede do Bird, em Washington (EUA).
O projeto deverá começar em 98 e irá até 2002. A previsão é que o Bird empreste cerca de US$ 150 milhões. O governo federal entraria com contrapartida da ordem de US$ 300 milhões.
As ações do Aids 2 -nome do projeto- serão voltadas para a prevenção. Não está incluído no projeto o gasto de US$ 1 bilhão, necessário para comprar medicamentos que compõem o kit a que todos os portadores da doença têm direito por lei.
O custo com a compra dos remédios -que são distribuídos pela rede pública de hospitais- será dividido entre o Ministério da Saúde e os governos estaduais.
O Programa Nacional de DST/Aids decidiu concentrar suas ações de prevenção nos grupos que vinham apresentando maior crescimento de casos da doença.
Segundo o Unaids (órgão das Nações Unidas para a Aids), 40% das novas infecções que ocorrem diariamente no mundo atingem mulheres.
Como a faixa etária mais atingida (tanto para homens quanto mulheres) se situa entre os 15 e 39 anos, o Ministério da Saúde planeja intensificar as ações de prevenção junto aos adolescentes.
``Os adolescentes estão iniciando a vida sexual e não têm uma percepção temporal elaborada, minimizando o risco da Aids, uma vez que ela é uma doença que demora a se manifestar'', diz Chequer.
Outro fator que preocupa o governo é a interiorização e o empobrecimento da epidemia. ``Detectamos uma interiorização da doença, com novos casos sendo detectados tanto nas grandes como nas pequenas cidades. Diante dessa tendência, os índios se tornaram mais vulneráveis à infecção'', afirmou Chequer.
Oficialmente, já houve registro de 31 índios portadores da doença (18 homens e 13 mulheres) nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste. (DANIELA FALCÃO)

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