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TRÂNSITO
O rebaixamento da calha e a despoluição do rio Tietê deverão prejudicar usuários de duas das principais vias da cidade
Obras vão afetar marginais de SP até 2005
ALENCAR IZIDORO
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 1,1 milhão de veículos
que passam diariamente pelas
marginais Tietê e Pinheiros terão
seu trânsito afetado até 2005 por
duas grandes obras do governo de
São Paulo: o rebaixamento da calha e a segunda fase de despoluição do rio Tietê, previstas para começar no final deste mês.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) terá que fazer a
mais duradoura intervenção de
tráfego da história das marginais.
Estimadas em R$ 1,6 bilhão, as
duas obras são promessas da gestão Mário Covas/Geraldo Alckmin e deverão trazer ganhos ambientais, de saúde pública e acabar com as enchentes no rio Tietê,
segundo os órgãos responsáveis
por elas -DAEE (Departamento
de Águas e Energia Elétrica) e Sabesp (Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo).
O maior impacto no trânsito será no sentido Interlagos/Lapa/Penha, onde as obras terão início.
Pela programação, a maior parte
das interferências ocorrerá em
períodos de menor fluxo, mas a
CET diz temer que os efeitos se
prolonguem pela manhã.
Diariamente, a pista expressa da
marginal Tietê terá duas de suas
quatro faixas bloqueadas das 22h
às 5h. Nos finais de semana, a interdição deve acontecer das 14h
de sábado às 15h de domingo.
O objetivo é facilitar o transporte de 6,8 bilhões de litros de solo e
rochas retirados do rio -equivalente a quase três vezes o volume
da segunda maior pirâmide do
mundo, a de Queóps, no Egito. A
CET prevê 800 viagens adicionais
de grandes carretas a cada madrugada para fazer esse trabalho.
"A preocupação é que não sobre
nenhum resquício no dia seguinte. Chuva, sujeira na pista, um caminhão quebrado. Pelo porte da
obra, qualquer fato imprevisto
pode ter reflexos. O fio da navalha
vai ser uma constante", afirma
Eduardo Macabeli, superintendente de operações da CET, que
vai orientar os motoristas a evitar
a marginal Tietê no final da noite,
madrugada e fins de semana.
Além da fluidez, a companhia
diz trabalhar para diminuir os riscos de acidentes. "Com certeza
haverá lentidão até mesmo por
causa do estreitamento da pista.
Estamos fazendo ajustes de sinalização para não ter impacto também na segurança do trânsito",
diz Roberto Tatsuo Kyono, responsável pela GET-6 (Gerência de
Engenharia de Tráfego) da CET,
que atende as marginais e a avenida dos Bandeirantes.
Na extensão de 24,5 km das
obras do Tietê, estão programadas, a partir de julho, implosões
diárias, por volta das 23h, para
aprofundar 2,5 metros do rio.
Nessas ocasiões, o trânsito precisará ser totalmente interrompido, nos dois sentidos na marginal,
por motivos de segurança. Os
motoristas terão que aguardar a
liberação da pista -que deve demorar cerca de dez minutos- ou
adotar trajetos alternativos.
Pinheiros
As obras na marginal Pinheiros,
que fazem parte do projeto de
despoluição do rio Tietê, terão um
impacto menor, mas a interferência é considerada pela CET a
maior já feita em seus 22,5 km.
A principal intervenção será a
instalação de um interceptor (tubulação que leva todo o esgoto
doméstico de uma determinada
área para a estação de tratamento) de 11 km de comprimento e
3,5 metros de diâmetro ao longo
do curso do rio Pinheiros.
Como a maior parte das obras
acontecerá no canteiro central,
entre as pistas local e expressa, é
prevista lentidão em pelo menos
uma das faixas -a que será usada
por 15 caminhões para entrega e
recolhimento diários de material.
A ligação de redes locais de coleta de esgoto ao interceptor da
marginal terá efeito no trânsito de
vias transversais de grande movimento de veículos. A avenida Juscelino Kubitschek, por exemplo,
deve ter uma de suas faixas bloqueadas durante uma etapa.
Os impactos levaram a Sabesp a
marcar reuniões com empresas
localizadas na avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini e com representantes dos shoppings da região para elaborar programações
especiais para as obras em datas
de grande movimento do comércio. "Serão soluções mitigadoras
[atenuantes], mas que não eliminarão totalmente os efeitos. Nós
vamos realmente causar problemas", diz Silvio Leifert, superintendente de gestão de empreendimentos da área responsável pela
despoluição do Tietê na Sabesp.
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