São Paulo, quarta-feira, 01 de maio de 2002

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TRÂNSITO

O rebaixamento da calha e a despoluição do rio Tietê deverão prejudicar usuários de duas das principais vias da cidade

Obras vão afetar marginais de SP até 2005

ALENCAR IZIDORO
MARIANA VIVEIROS

DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 1,1 milhão de veículos que passam diariamente pelas marginais Tietê e Pinheiros terão seu trânsito afetado até 2005 por duas grandes obras do governo de São Paulo: o rebaixamento da calha e a segunda fase de despoluição do rio Tietê, previstas para começar no final deste mês.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) terá que fazer a mais duradoura intervenção de tráfego da história das marginais.
Estimadas em R$ 1,6 bilhão, as duas obras são promessas da gestão Mário Covas/Geraldo Alckmin e deverão trazer ganhos ambientais, de saúde pública e acabar com as enchentes no rio Tietê, segundo os órgãos responsáveis por elas -DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) e Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).
O maior impacto no trânsito será no sentido Interlagos/Lapa/Penha, onde as obras terão início. Pela programação, a maior parte das interferências ocorrerá em períodos de menor fluxo, mas a CET diz temer que os efeitos se prolonguem pela manhã.
Diariamente, a pista expressa da marginal Tietê terá duas de suas quatro faixas bloqueadas das 22h às 5h. Nos finais de semana, a interdição deve acontecer das 14h de sábado às 15h de domingo.
O objetivo é facilitar o transporte de 6,8 bilhões de litros de solo e rochas retirados do rio -equivalente a quase três vezes o volume da segunda maior pirâmide do mundo, a de Queóps, no Egito. A CET prevê 800 viagens adicionais de grandes carretas a cada madrugada para fazer esse trabalho.
"A preocupação é que não sobre nenhum resquício no dia seguinte. Chuva, sujeira na pista, um caminhão quebrado. Pelo porte da obra, qualquer fato imprevisto pode ter reflexos. O fio da navalha vai ser uma constante", afirma Eduardo Macabeli, superintendente de operações da CET, que vai orientar os motoristas a evitar a marginal Tietê no final da noite, madrugada e fins de semana.
Além da fluidez, a companhia diz trabalhar para diminuir os riscos de acidentes. "Com certeza haverá lentidão até mesmo por causa do estreitamento da pista. Estamos fazendo ajustes de sinalização para não ter impacto também na segurança do trânsito", diz Roberto Tatsuo Kyono, responsável pela GET-6 (Gerência de Engenharia de Tráfego) da CET, que atende as marginais e a avenida dos Bandeirantes.
Na extensão de 24,5 km das obras do Tietê, estão programadas, a partir de julho, implosões diárias, por volta das 23h, para aprofundar 2,5 metros do rio.
Nessas ocasiões, o trânsito precisará ser totalmente interrompido, nos dois sentidos na marginal, por motivos de segurança. Os motoristas terão que aguardar a liberação da pista -que deve demorar cerca de dez minutos- ou adotar trajetos alternativos.

Pinheiros
As obras na marginal Pinheiros, que fazem parte do projeto de despoluição do rio Tietê, terão um impacto menor, mas a interferência é considerada pela CET a maior já feita em seus 22,5 km.
A principal intervenção será a instalação de um interceptor (tubulação que leva todo o esgoto doméstico de uma determinada área para a estação de tratamento) de 11 km de comprimento e 3,5 metros de diâmetro ao longo do curso do rio Pinheiros.
Como a maior parte das obras acontecerá no canteiro central, entre as pistas local e expressa, é prevista lentidão em pelo menos uma das faixas -a que será usada por 15 caminhões para entrega e recolhimento diários de material.
A ligação de redes locais de coleta de esgoto ao interceptor da marginal terá efeito no trânsito de vias transversais de grande movimento de veículos. A avenida Juscelino Kubitschek, por exemplo, deve ter uma de suas faixas bloqueadas durante uma etapa.
Os impactos levaram a Sabesp a marcar reuniões com empresas localizadas na avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini e com representantes dos shoppings da região para elaborar programações especiais para as obras em datas de grande movimento do comércio. "Serão soluções mitigadoras [atenuantes], mas que não eliminarão totalmente os efeitos. Nós vamos realmente causar problemas", diz Silvio Leifert, superintendente de gestão de empreendimentos da área responsável pela despoluição do Tietê na Sabesp.



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