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TRÂNSITO
Obras nas marginais vão reduzir enchentes, acabar com mau cheiro do Pinheiros e aumentar coleta e tratamento de esgoto
"Benefícios compensarão transtornos"
DA REPORTAGEM LOCAL
"O paulistano que queira um
ambiente com condições de salubridade e que possa ser usufruído
vai ter de ter um pouco de paciência. Essa é a contribuição que ele
vai dar, e os ganhos serão grandes.
Quem está parado na marginal
tem de pensar que, a 20 km dali,
existe uma comunidade carente
que passará a ter o esgoto recolhido. É isso [coletar o esgoto" que se
cobra do agente público, mas,
quando ele chega, a população
tem de fazer a sua parte."
É apelando para argumentos
como esse, defendido por Silvio
Leifert, da Sabesp, que o governo
quer convencer os motoristas a
aceitar o tempo perdido em eventuais congestionamentos causados pelo aprofundamento e despoluição do rio Tietê. De acordo
com a companhia e o DAEE, os
benefícios das obras para a qualidade de vida de quem mora ou
trafega pela cidade de São Paulo
compensarão os transtornos.
Saneamento
As metas do projeto de despoluição, por exemplo, prevêem o
fim do mau cheiro do rio Pinheiros (um dos formadores do rio
Tietê) -que passará a ter até 2
mg de oxigênio dissolvido por litro de água e algumas espécies vivas- e a redução da quantidade
total de esgoto lançado no Tietê
de 397 para 270 toneladas por dia.
A instalação de 141 km de coletores e interceptores e de 1.180 km
de rede na região metropolitana
(cerca de 800 km desse total na capital) deverá aumentar a cobertura de coleta de esgoto doméstico
de 80% para 90% dos domicílios
paulistanos. Cerca de 70% do total de efluentes produzidos passarão a ser tratados (hoje o percentual gira em torno de 60%).
Por meio do interceptor que será instalado na marginal Pinheiros -e que causará impacto no
trânsito local-, efluentes recolhidos na zona sul deixarão de ser jogados in natura nas represas Billings e Guarapiranga e no próprio rio Pinheiros e passarão a ser
levados para a estação de tratamento de Barueri (Grande SP),
onde serão devidamente tratados.
Quase meio milhão de pessoas
poderão ter suas casas ligadas pela primeira vez à rede coletora de
esgoto, que chegará a pelo menos
20 bairros no extremo sul da capital paulista, onde estão os piores
índices de atendimento sanitário,
de acordo com o censo do IBGE.
Por outro lado, a redução do
despejo de esgoto doméstico nas
represas representará uma melhoria na qualidade da água para
abastecimento público de pelo
menos 4,5 milhões de pessoas.
"É uma grande obra, e a expectativa é que leve à redução da poluição na bacia da Billings, hoje
subaproveitada para o fornecimento de água por causa da contaminação", diz Marussia Whately, do Instituto Socioambiental e
co-autora de um diagnóstico ambiental da área da represa.
Além da coleta de esgoto doméstico, a implantação do interceptor na marginal Pinheiros tornará possível ainda o recolhimento dos efluentes de 290 indústrias
na bacia do rio Pinheiros.
Metade da verba para a despoluição (cerca de R$ 473 milhões)
vem de financiamento do BID.
Fim das enchentes
O rebaixamento da calha, por
sua vez, promete acabar com os
transbordamentos do rio Tietê na
marginal e dos seus afluentes
num raio de 4 km a partir do local
onde eles deságuam. Isso porque
o Tietê é o grande "ralo" da cidade
de São Paulo, para onde correm
em última instância todos os rios,
riachos e córregos da capital.
Os efeitos do aprofundamento,
que aumentará em cerca de 60% a
capacidade de vazão do rio, já deverão ser sentidos no próximo verão, afirma o superintendente do
DAEE, Ricardo Daruiz Borsari.
"É uma obra esperada pela cidade há muitos anos, promessa que
se tornará realidade. E quem lucra
não é só que mora em São Paulo;
quase todo caminhão que passa
pela cidade indo para outros Estados vai também pela marginal."
No verão de 2000/2001, a marginal Tietê foi a campeã em pontos
de alagamento, com 186 dos 511
registrados pela CET.
(MARIANA VIVEIROS)
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