São Paulo, quarta-feira, 01 de maio de 2002

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20% da frota utiliza as marginais diariamente

DA REPORTAGEM LOCAL

As marginais são consideradas estratégicas no trânsito de São Paulo até por causa da quantidade de veículos que as utilizam diariamente. Na Tietê, são 700 mil por dia. Na Pinheiros, 400 mil por dia. É como se 20% da frota paulistana de 5,3 milhões passasse por uma delas diariamente.
A última grande intervenção de tráfego nas marginais aconteceu por causa de obras emergenciais na ponte dos Remédios, em 1997, cuja estrutura estava ameaçada. Na época, as pistas chegaram a ser totalmente interditadas, mas os principais consertos foram feitos em menos de um mês.
As obras de rebaixamento da calha do Tietê foram divididas em quatro lotes, totalizando 24,5 km de extensão. A idéia é que as implosões ocorram diariamente em só dois trechos, até mesmo por causa da quantidade de funcionários. Também poderão ser programadas implosões mais demoradas nas manhãs de domingo.
Nos primeiros 16 meses, a obra ficará restrita ao sentido Lapa-Penha. Mas, quando houver implosões, a interdição vai atingir os dois lados da via, por motivo de segurança. Nos 14 meses restantes, os impactos no sentido Penha-Lapa devem ser atenuados, já que está prevista a utilização de barcas para transportar parte da terra -na primeira fase isso não é possível porque não há profundidade suficiente no rio.
As obras de despoluição do rio Tietê, que afetarão as pistas da marginal Pinheiros, vão durar 40 meses e deverão iniciar na altura da estação de trem de Pinheiros, seguindo em direção a Interlagos.
Nos dois casos, a CET poderá discutir a possibilidade de ampliar as interferências no trânsito pela manhã e à tarde, fazendo bloqueios em uma das faixas mesmo nos horários de maior fluxo. A entrada e saída de caminhões nos canteiros seriam permitidas desde que as construtoras bancassem projetos mais caros -por exemplo, a criação de uma quinta faixa na pista expressa das marginais.
Especialistas de trânsito ouvidos pela Folha avaliam que a programação das interferências viárias -que estão sendo discutidas há mais de um ano na CET- deve reduzir os danos ao trânsito.
"Não adianta ficar pensando que tudo vai ser ruim. A comunidade precisa entender a importância da obra e se organizar para minimizar os efeitos negativos. Por ser uma obra planejada e de longo prazo, e não uma situação imprevista, emergencial, os motoristas poderão fazer uma programação das viagens de acordo com as restrições", afirma Gilberto Lehfeld, ex-presidente da CET.
Roberto Scaringela, ex-presidente e fundador da CET, diz que a dimensão das obras, principalmente na marginal Tietê, deve ser maior que a da construção das primeiras linhas do Metrô, nos anos 70. "Vai ser um canteiro de obras de 25 km. Nunca tivemos algo parecido. Vai ter muita coisa previsível e imprevisível. Mas a obra, no futuro, terá impacto positivo no próprio trânsito, reduzindo as enchentes", afirma. (AI)


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