São Paulo, quarta-feira, 01 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Morte de jovem de 14 anos provoca novo protesto de favelados no Rio

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Moradores do morro da Chácara, em Niterói (a 14 km do Rio) incendiaram ontem à noite um ônibus em protesto contra a morte de um jovem de 14 anos, ocorrida no fim da tarde. Cerca de 50 pessoas interromperam o trânsito.
Segundo a Polícia Militar, o rapaz era traficante, portava uma arma e foi baleado durante um confronto com policiais.
O caso ocorreu um dia depois de um tiroteio no complexo do Alemão (zona norte do Rio), em que o menino Marcelo Apolinário, de 11 anos, foi morto com um tiro na cabeça.
A morte de Marcelo revoltou os moradores do morro, que culparam a polícia pelo crime. Em protesto, incendiaram um ônibus e depredaram oito. O comandante da Polícia Militar, coronel Francisco Braz, que esteve no Alemão, foi alvo de tiros de traficantes.
O titular da delegacia que apura a morte de Marcelo disse ontem considerar impossível que o tiro que o matou tenha sido disparado por policiais militares.
Segundo o delegado Sérgio Falante, da 22ª Delegacia de Polícia, a perícia da Polícia Civil constatou que, de onde os PMs disseram estar na hora do confronto, não haveria chance de acertar o menino, que estaria a 200 m de distância.
A comprovação, no entanto, só sairá após a divulgação do laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, sem data prevista. O instituto está com os cinco fuzis e cinco pistolas apreendidos com os sete PMs que patrulhavam o morro. Segundo a perícia, o tiro que atingiu Marcelo partiu de uma pistola.
Ontem, a mãe de Marcelo, Sandra Apolinário, 40, disse que o tiro foi disparado por PMs e que processará o Estado. Moradores ouvidos pela Folha disseram que os PMs atiraram para cima ao perceberem a movimentação de pessoas no alto do morro. Um tiro teria acertado Marcelo.
Segundo os moradores, depois de ver o menino morto, os PMs arrastaram o corpo até outro local, para atrapalhar a perícia. As testemunhas acusaram os PMs de terem feitos os disparos ouvidos no momento da chegada do comandante da PM.
Na 22ª DP, os PMs acusados negaram atirado. O relações-públicas da PM, Luiz Antônio Corso da Costa, considerou absurda as acusações. Marcelo foi enterrado no cemitério de Inhaúma (zona norte). No cortejo, os moradores exibiram faixas de protesto.



Texto Anterior: Sete ladrões morrem em quatro tiroteios com policiais militares
Próximo Texto: Crime sexual: Preso acusado de abusar de deficientes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.