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Morte de jovem de 14 anos provoca novo protesto de favelados no Rio
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Moradores do morro da Chácara, em Niterói (a 14 km do Rio) incendiaram ontem à noite um ônibus em protesto contra a morte de
um jovem de 14 anos, ocorrida no
fim da tarde. Cerca de 50 pessoas
interromperam o trânsito.
Segundo a Polícia Militar, o rapaz era traficante, portava uma
arma e foi baleado durante um
confronto com policiais.
O caso ocorreu um dia depois
de um tiroteio no complexo do
Alemão (zona norte do Rio), em
que o menino Marcelo Apolinário, de 11 anos, foi morto com um
tiro na cabeça.
A morte de Marcelo revoltou os
moradores do morro, que culparam a polícia pelo crime. Em protesto, incendiaram um ônibus e
depredaram oito. O comandante
da Polícia Militar, coronel Francisco Braz, que esteve no Alemão,
foi alvo de tiros de traficantes.
O titular da delegacia que apura
a morte de Marcelo disse ontem
considerar impossível que o tiro
que o matou tenha sido disparado
por policiais militares.
Segundo o delegado Sérgio Falante, da 22ª Delegacia de Polícia,
a perícia da Polícia Civil constatou
que, de onde os PMs disseram estar na hora do confronto, não haveria chance de acertar o menino,
que estaria a 200 m de distância.
A comprovação, no entanto, só
sairá após a divulgação do laudo
do Instituto de Criminalística
Carlos Éboli, sem data prevista. O
instituto está com os cinco fuzis e
cinco pistolas apreendidos com
os sete PMs que patrulhavam o
morro. Segundo a perícia, o tiro
que atingiu Marcelo partiu de
uma pistola.
Ontem, a mãe de Marcelo, Sandra Apolinário, 40, disse que o tiro
foi disparado por PMs e que processará o Estado. Moradores ouvidos pela Folha disseram que os
PMs atiraram para cima ao perceberem a movimentação de pessoas no alto do morro. Um tiro teria acertado Marcelo.
Segundo os moradores, depois
de ver o menino morto, os PMs
arrastaram o corpo até outro local, para atrapalhar a perícia. As
testemunhas acusaram os PMs de
terem feitos os disparos ouvidos
no momento da chegada do comandante da PM.
Na 22ª DP, os PMs acusados negaram atirado. O relações-públicas da PM, Luiz Antônio Corso da
Costa, considerou absurda as acusações. Marcelo foi enterrado no
cemitério de Inhaúma (zona norte). No cortejo, os moradores exibiram faixas de protesto.
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