São Paulo, quarta-feira, 01 de maio de 2002

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DIREITOS DA CRIANÇA

Balanço acontece 12 anos depois da assinatura de acordo para melhorar qualidade de vida na infância

Brasil cumpre um terço das metas da ONU

ELIANE MENDONÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil conseguiu cumprir apenas um terço das metas que foram estabelecidas pela ONU (Organização das Nações Unidas) durante a Convenção sobre os Direitos da Criança, que aconteceu em 1990.
A informação foi divulgada ontem pelo ministro da Educação, Paulo Renato Souza, que será o chefe da delegação brasileira na Assembléia Geral das Nações Unidas. A reunião acontece no próximo dia 9, em Nova York, onde será entregue um relatório sobre o desempenho do país.
O documento afirma que, das 27 metas estabelecidas, o país alcançou nove, cumpriu parcialmente outras 11, registrou apenas um pequeno avanço em três e não dispõe de dados suficientes para comparação em outras quatro.
As metas integram a Declaração Mundial para a Sobrevivência, a Proteção e o Desenvolvimento da Criança, que foi assinada por outros 160 países, além do Brasil.
Um plano de ação, traçado na época, determinava que as metas para melhorar a qualidade de vida de crianças e adolescentes deveriam ser alcançadas em um prazo de dez anos.
De acordo com Paulo Renato, nenhum país conseguiu cumprir todos os objetivos propostos. O estabelecimento das metas teve caráter simbólico -a ONU não estabelece punições para os países que não cumprirem a convenção.
Entre as metas cumpridas pelo Brasil destacam-se algumas da área da saúde, como a erradicação da poliomielite, redução dos casos de sarampo e cobertura acima de 90% da população-alvo em todas as vacinas infantis.
Já na área da educação, apenas a ampliação do acesso à pré-escola e a implementação de programas para melhorar o conhecimento foram consideradas como metas atingidas.
O objetivo de reduzir pela metade a taxa de analfabetismo entre os adultos, com ênfase na redução do analfabetismo feminino, foi considerado apenas parcialmente alcançado.

Multimistura
Quanto à desnutrição infantil, que deveria ser reduzida em 50%, o relatório alega falta de dados para avaliar os resultados até 2000 -a meta, a médio prazo, até 1995, foi cumprida. Uma pesquisa nacional ainda está em andamento para uma avaliação mais precisa.
Segundo o relatório, estudos prévios na região Nordeste apontam para o cumprimento da meta. O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Otávio Mercadante, afirma que o avanço nesse item se deve muito à ação da Pastoral da Criança, organização da Igreja Católica que tem desenvolvido trabalhos com resultados eficazes no combate à desnutrição infantil.
Um desses trabalho é a distribuição, para comunidades carentes, da chamada multimistura, espécie de farinha composta de farelos de cereais, trigo, arroz, pó de folhas verde escuras (como a da mandioca, que é rica em vitamina A e ferro), pó de sementes (como o gergelim, que é rico em proteína, cálcio, ferro e fósforo), além de casca de ovo, soja e fubá.
A pastoral utiliza a farinha como complemento alimentar em mais de 32 mil comunidades. Mais de 1,6 milhão de crianças carentes, menores de seis anos, e 76 mil gestantes são acompanhadas mensalmente pela entidade.
O Ministério da Saúde mantém um convênio com a pastoral há 15 anos. A última renovação do convênio aconteceu no dia 17 de abril, no valor de R$ 20 milhões.



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