São Paulo, quarta-feira, 01 de maio de 2002

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DROGAS

Conselho de Medicina e Unifesp criam rede de apoio

Tratamento e apoio vão substituir punição para médico dependente

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Até agora, os dramas e os riscos de um médico dependente de álcool e drogas só eram revelados quando o problema chegava aos conselhos regionais de medicina (CRMs). Em geral, o caso era resolvido com cassação da carteira.
Daqui para a frente, o médico dependente passará a ser visto como alguém que precisa de ajuda e tratamento. Na segunda-feira, o CRM de São Paulo e a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) inauguram a Rede Estadual de Apoio a Médicos Dependentes Químicos. Profissionais e familiares terão acesso a um serviço telefônico 24 horas por dia. Uma equipe de 20 psiquiatras e dez serviços especializados, privados ou ligados a universidades, estarão à disposição.
A necessidade dessa rede surgiu de uma pesquisa realizada pela mesma parceria Unifesp-CRM com 206 médicos dependentes.
A pesquisa revelou que 84,5% deles já tinham tido problemas na profissão, quase 70% relataram problemas no casamento, 62% já tinham sido internados, 41% disseram ter sofrido ou provocado acidente de carro e quase 30% já tinham perdido um emprego.
Outras pesquisas já haviam apontado o médico como um dos profissionais mais estressados e que mais demoram para procurar ajuda. O acesso livre a medicamentos controlados como barbitúricos e opióides só aumenta o risco do uso e da dependência.
"O mérito dessa iniciativa é o CRM reconhecer que o médico dependente precisa de tratamento, não de punição", diz Ronaldo Laranjeira, psiquiatra da Unifesp e coordenador da Rede de Apoio.



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