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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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VIOLÊNCIA

Foram 59.220 casos no Estado nos 3 primeiros meses do ano; sequestro cai 72,7% em relação ao ano passado

Número de roubos bate recorde em SP

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao mesmo tempo que a polícia nunca matou tanto, o Estado de São Paulo registra recorde no número de roubos no primeiro trimestre de 2003.
Nos dois casos, são os maiores registros em um trimestre desde 1995, quando a pesquisa da Secretaria Estadual da Segurança Pública começou a ser publicada.
De janeiro a março deste ano, foram 59.220 roubos, 6,7% a mais do que no mesmo período de 2002 e 106,5% superior aos registros do primeiro trimestre de 1996 -o levantamento começou em julho de 1995.
Entre os crimes, o número de sequestros no Estado registrou uma tendência contrária aos casos de roubo. Foram 30 sequestros, 72,7% a menos do que no mesmo período de 2002.
A explosão do número de casos foi verificada em 2001 e o governo, pressionado pela repercussão negativa, fez com que o combate a esse crime virasse prioridade. A partir do final de 2002, foi verificada uma tendência de queda.
A estatística oficial confirmou o que já tinha sido apontado pela Ouvidoria das Polícias. Nos primeiros três meses deste ano, 238 pessoas foram mortas pela polícia no Estado -43,3% a mais do que no primeiro trimestre de 2002 e 283,8% a mais do que no mesmo período de 1996-, segundo a Secretaria da Segurança Pública.
Para a Ouvidoria, o alto índice de mortes de civis, que não conseguiu impedir o aumento de número de roubos -crime que resulta em violência e geralmente no uso de arma de fogo-, representa uma falha no planejamento das ações da polícia.
Os dados em relação ao número de roubos, na avaliação da Ouvidoria, reforçam a tese de que não é com a violência policial que o governo conseguirá diminuir a criminalidade.
Segundo Isabel Figueiredo, assessora jurídica da Ouvidoria, não há nem como saber se houve migração das quadrilhas que praticavam sequestros para a prática de roubos. A estatística, diz ela, é incompleta e não registra o tipo de roubo, por exemplo. Ela afirma que também não há como conferir a veracidade das estatísticas.
Além disso, a Ouvidoria, órgão externo de controle das polícias Civil e Militar, reclama que não tem acesso ao Infocrim (sistema informatizado de ocorrências).
Para a Polícia Militar de São Paulo, o aumento do número de mortes de civis é consequência do crescimento dos confrontos com criminosos, que estariam mais bem armados. As mortes de policiais nesses confrontos, no entanto, não acompanham esse índice.
No primeiro trimestre de 2003, sete policiais morreram em atividade, o mesmo número registrado no mesmo período do ano passado. Para a PM, isso indica melhor preparação dos policiais para o confronto.
O secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, não quis ontem falar com a Folha sobre as estatísticas do primeiro trimestre. A sua assessoria informou que ninguém comentaria os dados.


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