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VIOLÊNCIA
Foram 59.220 casos no Estado nos 3 primeiros meses do ano; sequestro cai 72,7% em relação ao ano passado
Número de roubos bate recorde em SP
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao mesmo tempo que a polícia
nunca matou tanto, o Estado de
São Paulo registra recorde no número de roubos no primeiro trimestre de 2003.
Nos dois casos, são os maiores
registros em um trimestre desde
1995, quando a pesquisa da Secretaria Estadual da Segurança Pública começou a ser publicada.
De janeiro a março deste ano,
foram 59.220 roubos, 6,7% a mais
do que no mesmo período de
2002 e 106,5% superior aos registros do primeiro trimestre de 1996
-o levantamento começou em
julho de 1995.
Entre os crimes, o número de
sequestros no Estado registrou
uma tendência contrária aos casos de roubo. Foram 30 sequestros, 72,7% a menos do que no
mesmo período de 2002.
A explosão do número de casos
foi verificada em 2001 e o governo,
pressionado pela repercussão negativa, fez com que o combate a
esse crime virasse prioridade. A
partir do final de 2002, foi verificada uma tendência de queda.
A estatística oficial confirmou o
que já tinha sido apontado pela
Ouvidoria das Polícias. Nos primeiros três meses deste ano, 238
pessoas foram mortas pela polícia
no Estado -43,3% a mais do que
no primeiro trimestre de 2002 e
283,8% a mais do que no mesmo
período de 1996-, segundo a Secretaria da Segurança Pública.
Para a Ouvidoria, o alto índice
de mortes de civis, que não conseguiu impedir o aumento de número de roubos -crime que resulta em violência e geralmente
no uso de arma de fogo-, representa uma falha no planejamento
das ações da polícia.
Os dados em relação ao número
de roubos, na avaliação da Ouvidoria, reforçam a tese de que não
é com a violência policial que o
governo conseguirá diminuir a
criminalidade.
Segundo Isabel Figueiredo, assessora jurídica da Ouvidoria, não
há nem como saber se houve migração das quadrilhas que praticavam sequestros para a prática
de roubos. A estatística, diz ela, é
incompleta e não registra o tipo
de roubo, por exemplo. Ela afirma
que também não há como conferir a veracidade das estatísticas.
Além disso, a Ouvidoria, órgão
externo de controle das polícias
Civil e Militar, reclama que não
tem acesso ao Infocrim (sistema
informatizado de ocorrências).
Para a Polícia Militar de São
Paulo, o aumento do número de
mortes de civis é consequência do
crescimento dos confrontos com
criminosos, que estariam mais
bem armados. As mortes de policiais nesses confrontos, no entanto, não acompanham esse índice.
No primeiro trimestre de 2003,
sete policiais morreram em atividade, o mesmo número registrado no mesmo período do ano
passado. Para a PM, isso indica
melhor preparação dos policiais
para o confronto.
O secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, não quis ontem falar com a
Folha sobre as estatísticas do primeiro trimestre. A sua assessoria
informou que ninguém comentaria os dados.
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