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SAÚDE
No Ceará, Costa ataca hospitais particulares que estariam se negando a receber pacientes do SUS que necessitam de leitos de UTI
Ministro ameaça intervir na rede privada
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
O ministro da Saúde, Humberto Costa, ameaçou, na manhã de
ontem, em Fortaleza, intervir nos
hospitais particulares do Ceará.
Ele estendeu o aviso aos hospitais
dos demais Estados, caso a rede
privada não receba pacientes que
necessitem de leitos de UTI conveniados pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
A carência dessas unidades, ao
lado da desorganização da rede
pública, é apontada como uma
das causas da morte de 22 pessoas
nos últimos 18 dias no Ceará. "O
setor privado terá de mostrar responsabilidade social. Não vamos
nos submeter à chantagem para
aumentar os valores dos repasses
do convênio", disse Costa.
Como uma das medidas para
sanar a crise no Ceará, o ministro
anunciou que serão destinados
R$ 4 milhões para instalar 50 novos leitos (intensivos e semi-intensivos) em parceria com o Estado no prazo de 30 a 120 dias. O
montante que cada governo terá
de investir ainda não foi definido.
Costa questionou "se é verdade" que os recursos repassados
pela atual tabela do sistema são
desinteressantes ao segmento
particular. Também disse que a
crise no Ceará não abrirá precedente para que outros Estados
"façam do sofrimento da população moeda de troca para elevar a
tabela de atendimento pelo SUS".
Segundo ele, existem mecanismos legais para garantir que os
leitos conveniados de unidades
particulares sejam disponibilizados para os pacientes que precisem de UTI. "Se exigir medida de
força, vamos fazer, sem temer
pressão da rede particular, pois o
papel do sistema de saúde é priorizar o paciente."
"Com exceção das neonatais,
que ainda sobram 12, não há mais
vaga de UTI na rede particular de
Fortaleza", disse o presidente da
Associação dos Hospitais do Estado do Ceará, Aramicy Pinto.
Ele afirmou que a entidade, representante das unidades privadas, atua com a responsabilidade
social cobrada pelo ministério.
Segundo Pinto, 13 leitos foram liberados em hospitais não-conveniados ao SUS, atendendo a uma
decisão judicial. "Nem sabemos
quanto vamos receber." Ele negou que os hospitais particulares
estejam chantageando o governo
federal para ter a tabela do sistema corrigida.
O ministro Humberto Costa
disse que vai cobrar responsabilidades também do poder público
na gestão das políticas de saúde, e
prometeu repassar em breve à
Prefeitura de Fortaleza 28 leitos
que estavam sendo bancados pelo
governo do Estado.
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