São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008

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Cúpula da Segurança municipal se demite

Coordenador de Segurança da prefeitura, coronel Alberto Silveira entregou cartas de demissão de 11 oficiais ontem

Coronel reconheceu "que existiam divergências do ponto de vista operacional'; no entanto, alegou motivos pessoais para a decisão

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O comando da Segurança Urbana de São Paulo apresentou ontem pedido de exoneração em meio a uma crise na prefeitura. Às 18h30 de ontem, o coordenador de Segurança da cidade, coronel Alberto Silveira Rodrigues, entregou as cartas de demissão de 11 oficiais -inclusive a dele- ao secretário de Governo, Clóvis Carvalho.
Comandante-geral da Polícia Militar na gestão de Geraldo Alckmin, o coronel Alberto será substituído pelo secretário-executivo do Gabinete de Segurança do município, o advogado Edsom Ortega, com quem tinha graves divergências.
O coronel Alberto reconheceu "que existiam divergências do ponto de vista operacional". A Folha apurou que as diferenças não se restringiam a Ortega, que atua como coordenador de ação integrada na Segurança. O coronel enfrentava problemas com Clóvis Carvalho. Ele, no entanto, alegou motivos pessoais para a decisão. "Estava muito cansado. A paciência fica curta", disse.
Segundo ele, todo o comando entregou o cargo por "um sentimento de lealdade e ética". Os 11 oficiais esperam agora a publicação da exoneração no "Diário Oficial".
"Estávamos todos cansados", disse o coronel Alberto.
Convidado para o cargo em janeiro de 2005 pelo então prefeito José Serra (PSDB), o coronel contava com o apoio do governador e do secretário de Coordenação das Subprefeituras, Andrea Matarazzo.
Há 20 dias, os dois intervieram para conter a crise, impedindo a exoneração do coronel. O coordenador de Segurança tinha acertado sua saída com Clóvis Carvalho no dia 8 de abril, após áspera conversa. Pelo acerto, a decisão seria publicada no DO de sábado.
Porém, informado, o chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, também atuou para debelar o problema. Além do apoio ao trabalho do coronel, havia o risco da repercussão política da saída de um alckmista da prefeitura.
Ligado ao ex-secretário de Segurança Saulo de Castro Abreu Filho -um dos coordenadores da campanha de Alckmin à prefeitura-, Alberto Rodrigues tinha se comprometido a colaborar com o tucano. Ele chegou a se reunir com Alckmin há cerca de dois meses. Na campanha, sua função será a de oferecer dados sobre segurança na cidade.
Segundo tucanos, a incompatibilidade com Ortega seria uma das causas da exoneração. Em seu trabalho, o coronel Alberto conta com a solidariedade e o empenho da Polícia Militar. Mas enfrenta problemas com os sindicatos da Guarda Civil, sobre os quais Ortega teria influência.
O coronel Alberto tinha como avalista o secretário Andrea Matarazzo, a quem se reportava diretamente.
Embora o coronel admita somente diferenças operacionais, o caso promete ganhar coloração política. No início de abril, alckmistas atribuíam a exoneração a motivações políticas.
Em 1999, Ortega foi secretário de Assistência Social do Estado. Na prefeitura, foi presidente da Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação).
Procurado à noite pela Folha, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) não foi encontrado.


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