FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

Pesquisa do Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua apurou que 72,6% das crianças e adolescentes de menor poder aquisitivo de 11 das regiões mais pobres de Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes (PE) já usaram pelo menos um tipo de droga.
A maconha foi citada por 109 dos entrevistados. A cola de sapateiro já foi usada por cem, e a cocaína, por 30. Foram citados também alguns tipos de comprimidos, além de cigarro e cachaça.
A maior surpresa no estudo foi a constatação de que o crack já é vendido em Pernambuco. Segundo a pesquisa, 17 dos entrevistados disseram que consomem a droga.
O levantamento foi feito entre os meses de março e abril por 25 crianças e jovens ligados ao movimento dos meninos de rua. Todos os entrevistados são de classe de baixa renda, moram nas ruas ou favelas e têm entre 9 e 17 anos.
Das 318 pessoas ouvidas, 208 são do sexo masculino e 105, do sexo feminino. Cinco não responderam à questão. Segundo a pesquisa, 245 dos entrevistados são negros e 70, brancos.
Definições
Parte do estudo foi dedicado a questões conceituais. As crianças e adolescentes definiram, por exemplo, o que é droga e relataram o que fazem e sentem quando estão sob seus efeitos. Na avaliação dos coordenadores da pesquisa, as respostas indicam que a maioria dos entrevistados -58,4%- tem noção do que são as drogas.
``São produtos químicos ou entorpecentes usados para fazer a mente, mas que levam à morte. Ex: maconha, cocaína, crack, cola entre outras'', escreveu um dos entrevistados.
Outros 42,6% mencionaram consequências ou sentimentos para tentar definir a questão: ``É ficar doidão'', ``é a falta de carinho'' ou ``é o desprezo da família''. O levantamento revelou que quase todas os entrevistados mantêm ainda esperanças de melhorar de vida.
Segundo a coordenadora do Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua no Estado, Helena Jenssen, o resultado da pesquisa será encaminhado aos principais órgãos oficiais e não-governamentais de apoio a crianças e adolescentes. O objetivo, disse, é fazer com que o trabalho sirva de base para uma ação conjunta contra o uso de drogas por crianças.

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