São Paulo, sábado, 01 de junho de 2002

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CRIME ORGANIZADO

Para advogado, Marcola tem bom comportamento e cumpriu o tempo de prisão exigido em lei para ter benefício

Justiça analisa soltar suposto líder do PCC

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça de Araraquara (273 km de São Paulo) irá decidir se liberta ou não Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado pela polícia como um dos principais líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital).
O advogado dele protocolou pedido de livramento condicional na Justiça estadual, na semana passada, dizendo que seu cliente tem bom comportamento e cumpriu o tempo de prisão exigido em lei para receber o benefício.
Marcola completa, em outubro deste ano, 16 anos de pena, de um total de 22 anos a que foi condenado por assalto a banco.
O sistema prisional brasileiro é progressivo: o preso passa de unidades fechadas para semi-abertas, após um período que varia conforme o crime, até ser solto para cumprir o resto da pena.
O pedido mobilizou o Ministério Público, que estuda meios de mantê-lo preso. Por enquanto, apurou a Folha, não há argumentação contrária à concessão.
A Justiça de Araraquara deve receber nesta semana a ficha de execuções de Marcola, que estava em Brasília. Só depois de conhecer os detalhes do cumprimento da pena é que a Promotoria irá se manifestar sobre a solicitação.
Isolado em presídios especiais desde fevereiro do ano passado -ele passou pelo Rio Grande do Sul e Brasília-, Marcola não tem sido incluído em processos contra o PCC por falta de provas.
Ele aparece no topo do organograma da facção, divulgado pela polícia, mas não foi indiciado pelos atentados deste ano em São Paulo. Por isso ele não foi isolado no presídio de Presidente Bernardes (589 km da capital paulista) com outros líderes, como José Márcio Felício, o Geleião, um dos fundadores da facção.
""O fato de ele não ter sido indiciado não quer dizer que ele não seja do PCC ou deixe de ser investigado", disse o promotor Márcio Sérgio Christino, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), integrante da força-tarefa que investiga as ações do PCC.
Segundo o promotor, há poucas referências a Marcola nas 460 horas de grampo telefônico da polícia que orientaram, na semana passada, a maior ofensiva em São Paulo contra o PCC, desde sua criação nos anos 90.
Na ficha criminal de Marcola consta o nome de um dos principais fundadores do PCC, César Augusto Roris da Silva, o Cesinha, como seu parceiro em assaltos.
O preso já conseguiu progredir de regime duas vezes, desde 86, para unidades semi-abertas, onde podia trabalhar fora. Fugiu e retornou para presídios fechados.



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