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CRIME ORGANIZADO
Para advogado, Marcola tem bom comportamento e cumpriu o tempo de prisão exigido em lei para ter benefício
Justiça analisa soltar suposto líder do PCC
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça de Araraquara (273
km de São Paulo) irá decidir se liberta ou não Marcos Willians
Herbas Camacho, o Marcola,
apontado pela polícia como um
dos principais líderes do PCC
(Primeiro Comando da Capital).
O advogado dele protocolou pedido de livramento condicional
na Justiça estadual, na semana
passada, dizendo que seu cliente
tem bom comportamento e cumpriu o tempo de prisão exigido em
lei para receber o benefício.
Marcola completa, em outubro
deste ano, 16 anos de pena, de um
total de 22 anos a que foi condenado por assalto a banco.
O sistema prisional brasileiro é
progressivo: o preso passa de unidades fechadas para semi-abertas, após um período que varia
conforme o crime, até ser solto
para cumprir o resto da pena.
O pedido mobilizou o Ministério Público, que estuda meios de
mantê-lo preso. Por enquanto,
apurou a Folha, não há argumentação contrária à concessão.
A Justiça de Araraquara deve receber nesta semana a ficha de execuções de Marcola, que estava em
Brasília. Só depois de conhecer os
detalhes do cumprimento da pena é que a Promotoria irá se manifestar sobre a solicitação.
Isolado em presídios especiais
desde fevereiro do ano passado
-ele passou pelo Rio Grande do
Sul e Brasília-, Marcola não tem
sido incluído em processos contra
o PCC por falta de provas.
Ele aparece no topo do organograma da facção, divulgado pela
polícia, mas não foi indiciado pelos atentados deste ano em São
Paulo. Por isso ele não foi isolado
no presídio de Presidente Bernardes (589 km da capital paulista)
com outros líderes, como José
Márcio Felício, o Geleião, um dos
fundadores da facção.
""O fato de ele não ter sido indiciado não quer dizer que ele não
seja do PCC ou deixe de ser investigado", disse o promotor Márcio
Sérgio Christino, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado),
integrante da força-tarefa que investiga as ações do PCC.
Segundo o promotor, há poucas
referências a Marcola nas 460 horas de grampo telefônico da polícia que orientaram, na semana
passada, a maior ofensiva em São
Paulo contra o PCC, desde sua
criação nos anos 90.
Na ficha criminal de Marcola
consta o nome de um dos principais fundadores do PCC, César
Augusto Roris da Silva, o Cesinha,
como seu parceiro em assaltos.
O preso já conseguiu progredir
de regime duas vezes, desde 86,
para unidades semi-abertas, onde
podia trabalhar fora. Fugiu e retornou para presídios fechados.
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