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São Paulo, domingo, 01 de junho de 2003

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Para o presidente do Ipea, Glauco Arbix, estudo contribui para o desenvolvimento de metodologia sobre o tema

"Impacto é assustador", diz especialista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DA REDAÇÃO

O presidente do Ipea, Glauco Arbix, classificou de "assustadores" os números obtidos sobre o impacto dos acidentes de trânsito na economia -custo de R$ 5,3 bilhões (em valores atualizados) para a área urbana no Brasil. Segundo ele, esse estudo, inédito no país, contribui também para o desenvolvimento de uma metodologia própria sobre o assunto.
O coordenador de projetos do Ipea, Ricardo Lima, ressaltou que o trabalho analisou apenas os custos, não levantando causas dos acidentes, por exemplo. Por isso, segundo ele, há a necessidade de outros tipos de levantamento, que dêem continuidade ao trabalho.
Para Lima, a falta de um banco de dados uniformizado, com informações sobre feridos, mortos e acidentes no país, dificulta esse tipo de pesquisa. "É um absurdo não sabermos quantos são exatamente os acidentes e as vítimas", disse, lembrando que há várias fontes para mortes no trânsito.
Enquanto o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) indica 20.049 mortes em 2000, dados do Ministério da Saúde apontavam 30.944 óbitos decorrentes do trânsito em 1999. No ano passado, o número estava entre 29 mil e 30 mil, diz o ministério.
A diferença é que os dados do Denatran contabilizam só mortes na hora do acidente. Já o Ministério da Saúde inclui óbitos após a assistência médico-hospitalar.
Os pesquisadores do Ipea explicaram ainda que o número de mortes não afeta o cálculo do custo dos acidentes. Disseram que acrescentaram esse dado no relatório final do trabalho para destacar a subnotificação. "Quisemos despertar a atenção para o problema e levantar a necessidade de mais estudos", afirmou Lima.
Segundo Lima, o avanço da pesquisa está na criação da metodologia brasileira para o assunto, aplicável em outras regiões.
Para o pesquisador José Ribamar Góes, do Ipea, a pesquisa aponta que ações voltadas à melhoria do trânsito se tornam mais eficazes se a política pública estiver voltada para acidentes com vítimas. Isso porque 43% dos custos anuais estão relacionados à perda de produção, que, normalmente, se associa aos casos com vítimas.
Segundo Góes, é preciso tornar a velocidade no trânsito mais homogênea. "O acidente tem muito mais correlação com tráfego onde os carros têm velocidades distintas. Aí está o impacto do controlador de velocidade. Ele não só reduz a velocidade como deixa o tráfego mais homogêneo", diz.
A pesquisa também analisou os acidentes com pedestres. "Em muitas cidades, em cada casa há uma calçada diferente. É como se houvesse um viés rodoviário, mais preocupado em resolver o problema do motorista e menos preocupado com o pedestre", diz. Ele cita como soluções a construção de passarelas, passagens iluminadas para pedestre, tratamento das calçadas e retirada de objetos que obstruem a caminhada.
A pesquisa também levantou acidentes com pedestres que não envolvem veículos, já que 30% dos deslocamentos nas áreas urbanas são feitos a pé. São quedas ocorridas em decorrência de um defeito na calçada ou na via pública. Cada uma das quedas tem custo médio de R$ 2,5 mil.

Denatran
O presidente do Denatran, Ailton Brasiliense, disse que o órgão pretende desenvolver mais pesquisas sobre acidentes, inclusive em rodovias, para direcionar as políticas públicas. Segundo ele, o órgão não tem até hoje um banco de dados unificado, que reúna informações sobre trânsito, acidentes e mortes. "Temos a proposta de desenvolver algo nesse sentido. Estamos montando projetos."
O Denatran, antes ligado ao Ministério da Justiça, passou neste ano para a pasta das Cidades, criada na gestão Lula e chefiada pelo ministro Olívio Dutra (PT-RS).



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