São Paulo, segunda-feira, 01 de julho de 2002

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LEGISLATIVO

Regulamentação da atividade causa polêmica entre astrólogos

Projeto de lei pretende profissionalizar astrologia

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Em tramitação no Congresso, um projeto de lei pretende transformar a astrologia em profissão. A regulamentação da atividade está causando polêmica entre os próprios astrólogos, que se dividem em grupos favoráveis e contrários à medida. Astrônomos também se opõem à idéia.
Aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado, o projeto agora aguarda votação no plenário. De autoria do senador Artur da Távola (PSDB-RJ), líder do governo no Senado, a proposta prevê jornada de seis horas diárias e define quem poderá exercer a astrologia e as atribuições dos profissionais -entre elas, "cálculo e elaboração de cartas astrológicas de pessoas, entidades jurídicas e nações utilizando tabelas e gráficos do movimento dos astros para satisfazer às indagações do público".
Na internet, listas de discussão de astrólogos debatem o assunto há pelo menos um mês. "Não podemos atrelar a astrologia a uma estrutura caduca", afirma Barbara Abramo, colunista da Folha.
"Pela natureza da linguagem, os praticantes da astrologia são livres e desvinculados de regras e imposição de qualquer tipo, caso contrário não poderiam trabalhar pela liberdade do homem", afirma Valdenir Benedetti, que trabalha na área há 20 anos.
Para Celisa Baranger, presidente do Sinarj (Sindicato dos Astrólogos do Rio de Janeiro), que congrega cerca de 600 profissionais, a lei deve moralizar a atividade.
"Com a regulamentação, o desempenho da profissão será feito com mais responsabilidade", acredita Celisa.
Távola concorda. "O projeto regulamenta uma atividade que vem sendo exercida de maneira ilegal, nem sempre de modo correto, ao mesmo tempo em que existem pessoas sérias trabalhando com o assunto."
A SAB, Sociedade Astronômica Brasileira, lançou uma manifesto de condenação à medida. "Não é correto formalizar uma coisa que não é séria", afirma Jane Cristina Gregorio Hetem, vice-presidente da SAB. Não existe regulamentação para a astronomia.
Para o autor da lei, a astrologia é discriminada pela sociedade contemporânea. "Faz parte da arrogância ocidental rejeitar qualquer forma de conhecimento que não venha exclusivamente da racionalidade do Ocidente", diz, completando que "o país tem deficiências nas questões de regulamentação de profissões".


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