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Professor da UFRJ cobra até R$ 4.000
DA AGÊNCIA FOLHA
Um dos "empresários da monografia" é professor de ciências
sociais aposentado da UFF (Universidade Federal Fluminense) e
atuante na UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro). Vicente de Paulo Leitão disse, em conversa gravada, que não vê problemas legais nem morais em fazer
trabalhos acadêmicos para outras
pessoas.
Leitão manteria, há quatro
anos, uma equipe com 15 pessoas
oferecendo a elaboração de teses,
dissertações e outros trabalhos
universitários no Rio de Janeiro .
Em negociação feita pelo telefone com a reportagem, ele cobrou
R$ 4.000, divididos em dez parcelas, para elaborar uma dissertação
de mestrado de 120 páginas na
área de direito.
Procurado pela Folha, Leitão,
que se diz pós-graduado, confirmou o negócio, mas não deu detalhes de sua atuação e interrompeu a entrevista desligando o telefone.
"Escrever para os outros não
tem nada de errado. A lei permite.
Não é ilegal nem imoral". O professor atribuiu a existência do negócio às universidades que não
ajudariam os alunos a desenvolver seus trabalhos.
"As pessoas têm inúmeras razões para fazer isso. O senhor deveria falar das universidades que
não ajudam o aluno. Assim como
as pessoas que vão pedir dinheiro
ao agiota, elas vão pedir (trabalhos) porque o Brasil não tem um
sistema financeiro que as ajude."
A assessoria de imprensa da
UFRJ informou que a universidade interpreta a informação de
compra de trabalhos acadêmicos
com muita indignação e que considera a prática "criminosa".
Sobre o professor Leitão, a universidade informou que "infelizmente" ele faz parte do corpo docente da instituição e que iria esperar a publicação da reportagem
para tomar possíveis procedimentos administrativos.
O professor alegou que imoral
foi a gravação sobre a negociação
da compra da dissertação. "Imoral foi o que vocês fizeram gravando a conversa. Essa reportagem
que vocês estão fazendo é um trabalhinho chinfrim. Um trabalho
de estagiário."
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