São Paulo, segunda-feira, 01 de julho de 2002

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Professor da UFRJ cobra até R$ 4.000

DA AGÊNCIA FOLHA

Um dos "empresários da monografia" é professor de ciências sociais aposentado da UFF (Universidade Federal Fluminense) e atuante na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Vicente de Paulo Leitão disse, em conversa gravada, que não vê problemas legais nem morais em fazer trabalhos acadêmicos para outras pessoas.
Leitão manteria, há quatro anos, uma equipe com 15 pessoas oferecendo a elaboração de teses, dissertações e outros trabalhos universitários no Rio de Janeiro .
Em negociação feita pelo telefone com a reportagem, ele cobrou R$ 4.000, divididos em dez parcelas, para elaborar uma dissertação de mestrado de 120 páginas na área de direito.
Procurado pela Folha, Leitão, que se diz pós-graduado, confirmou o negócio, mas não deu detalhes de sua atuação e interrompeu a entrevista desligando o telefone.
"Escrever para os outros não tem nada de errado. A lei permite. Não é ilegal nem imoral". O professor atribuiu a existência do negócio às universidades que não ajudariam os alunos a desenvolver seus trabalhos.
"As pessoas têm inúmeras razões para fazer isso. O senhor deveria falar das universidades que não ajudam o aluno. Assim como as pessoas que vão pedir dinheiro ao agiota, elas vão pedir (trabalhos) porque o Brasil não tem um sistema financeiro que as ajude."
A assessoria de imprensa da UFRJ informou que a universidade interpreta a informação de compra de trabalhos acadêmicos com muita indignação e que considera a prática "criminosa".
Sobre o professor Leitão, a universidade informou que "infelizmente" ele faz parte do corpo docente da instituição e que iria esperar a publicação da reportagem para tomar possíveis procedimentos administrativos.
O professor alegou que imoral foi a gravação sobre a negociação da compra da dissertação. "Imoral foi o que vocês fizeram gravando a conversa. Essa reportagem que vocês estão fazendo é um trabalhinho chinfrim. Um trabalho de estagiário."


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