São Paulo, segunda-feira, 01 de julho de 2002

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Trabalho de orientador é fundamental

DA AGÊNCIA FOLHA

Autoridades acadêmicas reagiram com indignação à informação da existência de um comércio de dissertações e teses pela internet. O pró-reitor de pós-graduação da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Marcos Macari, elaborou um alerta sobre o caso, que será distribuído para todos os professores da instituição.
"Eu fico abismado que isso possa acontecer. De um universo de cerca de 100 mil alunos que fazem pós-graduação no Brasil, acredito que uma parcela mínima esteja envolvida com essas fraudes. É um caso de polícia e tem de ser denunciado, investigado. As pessoas que estão envolvidas com essa conduta imoral devem ser submetidas à Justiça", disse Macari.
O professor Cláudio Couto, do Departamento de Política da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, já reprovou metade de uma de suas turmas da graduação após perceber a ocorrência de fraude em um trabalho.
"Todos sabem que encomendar um trabalho acadêmico não é lícito, que se trata de uma fraude. O procedimento não pode ser outro a não ser aplicar nota zero, reprovar o aluno, caçar o título."
Segundo o diretor do Departamento de Apoio à Pós-Graduação da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), José Carlos Cunha Petrus, o aluno que fraudar parte do trabalho, a revisão bibliográfica, por exemplo, poderá receber uma carta de advertência e ter de refazer o trabalho todo. "Se o plágio for da parte experimental, o aluno deve ser desligado do curso imediatamente."
Para os professores, é fundamental que os orientadores acompanhem seus alunos. "A orientação tem de ser presencial. Não pode ser por internet ou por telepatia. O professor precisa acompanhar todo o processo de elaboração do trabalho, ver a evolução do aluno no transcorrer do tempo", disse Macari.
Para Cláudio Couto, é muito difícil que um orientador, que realmente orienta o trabalho de seu aluno e que lê com certa regularidade aquilo que o aluno escreve, possa ser ludibriado por uma tese de encomenda. Corre esse risco o orientador que não orienta."


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