São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2004

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TRANSPORTES

Florianópolis vive terceiro dia seguido de manifestações de estudantes contra o aumento da tarifa, de 15,6%, em média

Protesto deixa três ônibus queimados em SC

JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA

Três ônibus queimados durante a madrugada de ontem, outros dez com vidros estilhaçados no final da tarde, terminais urbanos fechados, acessos bloqueados. Esse foi o saldo do terceiro dia de protestos de estudantes e usuários contra o reajuste médio de 15,6% na tarifa dos transportes coletivos em Florianópolis.
Por volta das 19h30, a Polícia Militar teve o primeiro confronto com estudantes, que tentavam fechar, mais uma vez, um terminal no centro da cidade. Um estudante foi detido e liberado a seguir.
Cerca de 210 mil pessoas usam diariamente o sistema de ônibus de Florianópolis, que passou por uma reformulação recente, com a criação de terminais urbanos.
A tarifa mais usual é de R$ 1,75. A mais cara custa R$ 3. Pelo menos metade da frota não circulou ontem devido aos bloqueios. A prefeitura tem garantido na Justiça a liberação dos locais.
Durante todo o dia de ontem, avenidas do centro foram momentaneamente bloqueadas. Dois terminais ficaram parte da manhã fechados pelos manifestantes que, segundo a polícia, não têm lideranças definidas.
De madrugada, três ônibus foram incendiados, no sul da ilha. Outros dez tiveram vidros quebrados, à tarde, no norte.
"Cerca de 70% das pessoas que participam desses eventos são crianças e adolescentes, e precisamos trabalhar com muita cautela. Os problemas que surgem são resolvidos com o diálogo", disse o comandante do Policiamento Metropolitano, Eliésio Rodrigues. A PM estimou ontem em 400 os participantes dos protestos.
Quatro vereadores foram ontem à Gerência de Transportes da prefeitura para reunião para dar fim aos protestos. Nenhum membro do movimento compareceu.
Para a prefeita Angela Amin e o presidente do Setuf (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Florianópolis), Valdir da Silva, o ato tem conotação política e é orientado por lideranças petistas.
O DCE (Diretório Central dos Estudantes) da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) informou que não está ligado aos protestos. Não há organização de alunos secundaristas na capital.
"O PT não tem nenhuma deliberação para participar dessas mobilizações que, eventualmente, podem contar com algum militante do partido. Mas somos contundentes em criticar o aumento das tarifas", afirmou o presidente do Diretório Municipal do PT em Florianópolis, Rui da Luz.

Prefeitura
A Prefeitura de Florianópolis alega que o reajuste médio de 15,6% nas tarifas é metade do estabelecido por perícia judicial, 33%. Em agosto de 2003, liminares impediram que o preço dos ônibus urbanos fosse majorado em 25%, e o reajuste foi de 13%.
"Houve problemas em outras partes do país. O governo federal não evoluiu em nada para fomentar uma política para os transportes coletivos, que custam muito caro e precisam de subsídios. O reajuste dado em Florianópolis foi baseado em uma perícia judicial. Não há como diminuir", disse a prefeita Angela Amin (PP).


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