São Paulo, sexta-feira, 01 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRIME NO BROOKLIN

Aposentado acredita que irmãos acusados por morte de casal devem optar por pedido de habeas corpus

Cravinhos vão querer benefício igual, diz pai

LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O aposentado Astrogildo Cravinhos, 60, pai de Daniel e Cristian Cravinhos diz acreditar que os filhos vão optar pelo pedido de habeas corpus ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), como fez a estudante Suzane von Richthofen, libertada anteontem do Centro de Ressocialização Feminino, em Rio Claro (175 km de SP). "Eles devem querer o mesmo remédio", disse ontem, embora ainda não tenha falado com os filhos.
A família irá se encontrar com eles no próximo domingo, dia de visita na prisão, para discutir a possibilidade de entrar com o pedido de libertação dos rapazes. Cravinhos disse que o habeas corpus pode até já ter sido feito pela advogada da família, Gislaine Haddad Jabur, mas só será usado se os irmãos concordarem. Daniel e Cristian são acusados de serem os executores das mortes de Manfred, 49, e Marísia von Richthofen, 50, pais de Suzane, acusada de planejar o crime, em 2002.
Para o pai, que preferiu não revelar sua posição para não influenciar a escolha dos filhos, os rapazes terão que ponderar vários aspectos. Um deles é o fato de o tempo que estão na prisão já contar como parte da pena que podem vir a ter que cumprir após o julgamento. "Se houvesse chance de eles serem absolvidos depois, mas não tem", disse o pai, afirmando que sabe do crime que os filhos cometeram. "Jamais vou querer um filho meu impune."
Outra questão apontada por Cravinhos é o fato de os rapazes, futuramente, caso sejam condenados, terem que se adaptar novamente à vida em um presídio. Para o pai dos acusados, a libertação de Suzane deve influenciar os filhos porque eles saberão que é algo possível. No entanto, de acordo com ele, há alguns meses os rapazes comentaram a possibilidade do habeas corpus como algo negativo. "Eles disseram que era como dar a visão a um cego e depois tirá-la de novo."
O pai não quis falar sobre o processo e disse que o crime será esclarecido no julgamento. Segundo ele, os filhos dizem ter se arrependido dos assassinatos.

Suzane
Cravinhos acha que, se for solto, Daniel procuraria Suzane, por ainda gostar dela. O pai afirma não ter raiva de Suzane e disse que a receberia em casa. "Se ela me ligasse agora eu iria pega-la." Cravinhos diz que perdoa Suzane como perdoou os filhos, pois "eles cometeram o mesmo erro". Ele conta que recebia Suzane e seu irmão, Andreas, em casa constantemente. "Foram mais de três anos de convivência. Ela era um doce, simpática e educada."
Na casa da família Cravinhos, a presença de Suzane permanece em fotos dela com Daniel, que ainda estão no mesmo lugar de antes do crime, segundo afirmou o pai dos rapazes. Há um retrato, dela e de Daniel abraçados, sobre um móvel da sala junto com várias outras fotos da família. Também continuam na sala suvenires trazidos pelo casal numa viagem que fizeram a Natal (RN).
No quarto de Daniel há diversas fotos do casal e a imagem do rosto de Suzane estampada no travesseiro. Também ainda estão guardados no local alguns objetos da estudante. Cravinhos afirma que ele e sua mulher tentaram visitar a acusada diversas vezes, mas não conseguiram.
Ele contou que também tinha contato com os pais de Suzane -inclusive já os havia recebido em sua casa- e também esteve na chácara dos Richthofen no interior de São Paulo. A reportagem não conseguiu falar com a advogada da família, Gislaine Jabur.


Texto Anterior: Ensino superior: Brasileiros farão curso em universidade na Polônia
Próximo Texto: Julgamento não tem prazo para começar
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.