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CRIME NO BROOKLIN
Aposentado acredita que irmãos acusados por morte de casal devem optar por pedido de habeas corpus
Cravinhos vão querer benefício igual, diz pai
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O aposentado Astrogildo Cravinhos, 60, pai de Daniel e Cristian
Cravinhos diz acreditar que os filhos vão optar pelo pedido de habeas corpus ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), como fez a estudante Suzane von Richthofen, libertada anteontem do Centro de
Ressocialização Feminino, em
Rio Claro (175 km de SP). "Eles
devem querer o mesmo remédio", disse ontem, embora ainda
não tenha falado com os filhos.
A família irá se encontrar com
eles no próximo domingo, dia de
visita na prisão, para discutir a
possibilidade de entrar com o pedido de libertação dos rapazes.
Cravinhos disse que o habeas corpus pode até já ter sido feito pela
advogada da família, Gislaine
Haddad Jabur, mas só será usado
se os irmãos concordarem. Daniel
e Cristian são acusados de serem
os executores das mortes de Manfred, 49, e Marísia von Richthofen, 50, pais de Suzane, acusada de
planejar o crime, em 2002.
Para o pai, que preferiu não revelar sua posição para não influenciar a escolha dos filhos, os
rapazes terão que ponderar vários
aspectos. Um deles é o fato de o
tempo que estão na prisão já contar como parte da pena que podem vir a ter que cumprir após o
julgamento. "Se houvesse chance
de eles serem absolvidos depois,
mas não tem", disse o pai, afirmando que sabe do crime que os
filhos cometeram. "Jamais vou
querer um filho meu impune."
Outra questão apontada por
Cravinhos é o fato de os rapazes,
futuramente, caso sejam condenados, terem que se adaptar novamente à vida em um presídio.
Para o pai dos acusados, a libertação de Suzane deve influenciar os
filhos porque eles saberão que é
algo possível. No entanto, de
acordo com ele, há alguns meses
os rapazes comentaram a possibilidade do habeas corpus como algo negativo. "Eles disseram que
era como dar a visão a um cego e
depois tirá-la de novo."
O pai não quis falar sobre o processo e disse que o crime será esclarecido no julgamento. Segundo ele, os filhos dizem ter se arrependido dos assassinatos.
Suzane
Cravinhos acha que, se for solto,
Daniel procuraria Suzane, por
ainda gostar dela. O pai afirma
não ter raiva de Suzane e disse que
a receberia em casa. "Se ela me ligasse agora eu iria pega-la." Cravinhos diz que perdoa Suzane como perdoou os filhos, pois "eles
cometeram o mesmo erro". Ele
conta que recebia Suzane e seu irmão, Andreas, em casa constantemente. "Foram mais de três anos
de convivência. Ela era um doce,
simpática e educada."
Na casa da família Cravinhos, a
presença de Suzane permanece
em fotos dela com Daniel, que
ainda estão no mesmo lugar de
antes do crime, segundo afirmou
o pai dos rapazes. Há um retrato,
dela e de Daniel abraçados, sobre
um móvel da sala junto com várias outras fotos da família. Também continuam na sala suvenires
trazidos pelo casal numa viagem
que fizeram a Natal (RN).
No quarto de Daniel há diversas
fotos do casal e a imagem do rosto
de Suzane estampada no travesseiro. Também ainda estão guardados no local alguns objetos da
estudante. Cravinhos afirma que
ele e sua mulher tentaram visitar a
acusada diversas vezes, mas não
conseguiram.
Ele contou que também tinha
contato com os pais de Suzane
-inclusive já os havia recebido
em sua casa- e também esteve
na chácara dos Richthofen no interior de São Paulo. A reportagem
não conseguiu falar com a advogada da família, Gislaine Jabur.
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