São Paulo, terça-feira, 01 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Comerciantes respeitam lei, mas falam em prejuízos

PAULO SAMPAIO
CINTHIA RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ontem, excepcionalmente, o comerciário Marcelo Ribon encerrou o expediente 40 minutos mais tarde. Gerente de uma loja de roupas na rua 24 de Maio (centro), ele teve de esperar até as 21h40 por um carregamento de mercadoria, já que a nova regra de trânsito restringe a circulação de caminhões. "Vai ser mais inseguro, mas a gente espera que a polícia ajude", comentou.
Como Ribon, os principais atingidos pela nova norma do trânsito parecem dispostos a obedecê-la, mas já calculam os prejuízos.
Proprietário de dois caminhões, o comerciante Mohamed Hage, dono de uma loja de móveis para cozinhas, só vai poder contar com o pequeno, e em dias alternados. Na verdade, ele lembra, além da alternância ainda vai ter de observar o rodízio da placa do carro.
"No fim das contas, eu só vou poder usar o carro duas vezes por semana, dependendo, uma só", calcula.
A gerente de logística Cléo Martins diz que dispõe de três caminhões grandes e dois pequenos para entregar móveis. Ontem, ela tentou fazer tudo com os pequenos, mas não conseguiu, foi obrigada "a empurrar para amanhã [hoje]".
"Como vai ser com o nosso setor? Condomínios de edifícios não recebem mercadoria à noite. E não dá para simplesmente mandar entregar. A gente trabalha com equipes especializadas, que sabem parafusar um painel, encaixar as peças, entende?"
O gerente de pós-venda Fernando Barros, que trabalha com motos grandes, espera há algumas semanas o anúncio da regra de restrição para saber que transporte vai utilizar.
"Não pretendíamos transportá-las mais em plataformas como às dos socorros das seguradoras porque alguns clientes não gostam de recebê-las em um caminhão aberto. Picapes fechadas são pequenas. Nossa esperança era que as Sprinter [tipo de van] não entrassem na lei das restrições". Mas entram.
Mesmo quem está entre as exceções fala em prejuízos. Fernando Martini, gerente de churrascaria, ainda não sabe se poderá fazer o abastecimento do lugar pela manhã, apesar de os caminhões de entrega de produtos perecíveis estarem fora das restrições.
"O funcionário que faz o pedido, segunda-feira pela manhã, é o mesmo que recebe a mercadoria, terça e quarta no mesmo horário. Fica ruim a mercadoria chegar à tarde, na hora em que os clientes estão saindo. Vamos ter que colocar gente para trabalhar à noite, que pode não ser seguro", diz.


Texto Anterior: Manifestação: Prefeitura marca reunião com sindicato
Próximo Texto: Conformado, comércio quer evitar mais vetos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.