dos enviados especiais

O uso prolongado dos remédios preocupa cientistas e pacientes em duas frentes. Uma delas são os possíveis efeitos que drogas como o inibidor de protease podem realmente provocar a longo prazo.
Alguns estudos mostram que o uso dessa droga pode estar causando pedras nos rins e mesmo alterações metabólicas. A forma visível seria o acúmulo de gordura em certas partes do organismo.
Outra forma é um aumento do nível de colesterol e triglicérides no sangue, dois fatores de risco para doenças cardiovasculares. Doentes com esse quadro terão que se preocupar com o coração.
Luis Fernando Brígido, especialista em retrovírus do Instituto Adolfo Lutz de São Paulo, diz que ainda não se sabe se o efeito é da droga ou da longa sobrevida do paciente. "Ninguém pensa em parar por causa disso. Os benefícios das drogas são muito maiores."
Outra preocupação mais antiga é a adesão do paciente. Alguns esquemas implicam tomar mais de 20 comprimidos diários em horas certas, no momento das refeições ou entre elas. A interrupção ou abandono pode fortalecer o vírus ou causar danos desconhecidos.
O pesquisador Anthony Fauci disse ontem que o cenário futuro para os pacientes de Aids não pode ser o do uso de remédios a vida toda. Eles são caros, têm efeitos colaterais e serão abandonados por um número importante de pacientes. Os danos que o abandono dos remédios provocará só serão conhecidos quando um certo número de pacientes fizer isso.
(AB e JB)


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