São Paulo, quarta, 1 de julho de 1998

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TV Escola não tem alcance desejado

MARTA AVANCINI
enviada especial a Brasília

A rede atendida pelo programa TV Escola, do Ministério da Educação (MEC), está aumentando desde que foi implantada em 96, mas sua penetração no dia-a-dia de professores e alunos ainda deixa a desejar.
Esse foi um dos pontos de discussão do seminário internacional "Dois Anos de TV Escola", realizado para discutir as experiências de ensino à distância em diferentes países.
Com o TV Escola, o MEC tem dois objetivos: usar a TV como meio de capacitação e formação de professores e melhorar a qualidade do ensino da escola pública.
As escolas que participam do programa recebem um kit com equipamentos (antena parabólica, TV e videocassete) que é usado para captar uma programação produzida especialmente para atender essas escolas. Atualmente, são atendidas 49 mil escolas estaduais e municipais. Isso significa cerca de 27 mil alunos (leia texto nesta página).
Segundo pesquisa realizada pelo Nepp (Núcleo de Estudos de Políticas Públicas) da Unicamp em abril deste ano, 98% das escolas receberam o kit, 92% têm os equipamentos funcionando, mas apenas 64% gravam os programas transmitidos pela TV Escola.
Esse desempenho é melhor do que o registrado na pesquisa de 97, quando se constatou que 78% das escolas tinham recebido os kits, 96% os tinham instalado e 61% faziam as gravações.
Gravar os programas é importante, na avaliação do MEC, porque é uma maneira de medir se os programas estão efetivamente sendo usados. A idéia é que cada unidade monte uma videoteca e que os programas da TV Escola se tornem material de consulta.
"O maior desafio é mudar o modo de gestão e a maneira de atuar dos professores. Mas os resultados são positivos, considerando as dificuldades que enfrentamos no início", diz Pedro Paulo Poppovic, Secretário de Educação à Distância do MEC.
Para Poppovic, existe resistência tanto por parte do bom professor quanto do mau professor. "O bom professor não vê por que precisa desse material pedagógico adicional. O mau professor se sente ameaçado e acha que a TV vai substituí-lo."
O estímulo para que o professor use o material que chega até ele por meio da TV Escola é outro fator importante, na opinião de Ramiro Wahrhaftig, presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários da Educação). "Existe um problema de gestão de Estados e municípios. As redes são muito grandes e muita gente pensa da mesma maneira que há 20 anos. A TV Escola é um bom instrumento, mas precisa ser amadurecido", diz o presidente.



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