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TV Escola não tem alcance desejado
MARTA AVANCINI
enviada especial a Brasília
A rede atendida pelo programa
TV Escola, do Ministério da Educação (MEC), está aumentando
desde que foi implantada em 96,
mas sua penetração no dia-a-dia
de professores e alunos ainda deixa a desejar.
Esse foi um dos pontos de discussão do seminário internacional
"Dois Anos de TV Escola", realizado para discutir as experiências
de ensino à distância em diferentes países.
Com o TV Escola, o MEC tem
dois objetivos: usar a TV como
meio de capacitação e formação
de professores e melhorar a qualidade do ensino da escola pública.
As escolas que participam do
programa recebem um kit com
equipamentos (antena parabólica,
TV e videocassete) que é usado para captar uma programação produzida especialmente para atender essas escolas. Atualmente, são
atendidas 49 mil escolas estaduais
e municipais. Isso significa cerca
de 27 mil alunos (leia texto nesta
página).
Segundo pesquisa realizada pelo
Nepp (Núcleo de Estudos de Políticas Públicas) da Unicamp em
abril deste ano, 98% das escolas
receberam o kit, 92% têm os equipamentos funcionando, mas apenas 64% gravam os programas
transmitidos pela TV Escola.
Esse desempenho é melhor do
que o registrado na pesquisa de
97, quando se constatou que 78%
das escolas tinham recebido os
kits, 96% os tinham instalado e
61% faziam as gravações.
Gravar os programas é importante, na avaliação do MEC, porque é uma maneira de medir se os
programas estão efetivamente
sendo usados. A idéia é que cada
unidade monte uma videoteca e
que os programas da TV Escola se
tornem material de consulta.
"O maior desafio é mudar o
modo de gestão e a maneira de
atuar dos professores. Mas os resultados são positivos, considerando as dificuldades que enfrentamos no início", diz Pedro Paulo
Poppovic, Secretário de Educação
à Distância do MEC.
Para Poppovic, existe resistência
tanto por parte do bom professor
quanto do mau professor. "O
bom professor não vê por que precisa desse material pedagógico
adicional. O mau professor se sente ameaçado e acha que a TV vai
substituí-lo."
O estímulo para que o professor
use o material que chega até ele
por meio da TV Escola é outro fator importante, na opinião de Ramiro Wahrhaftig, presidente do
Consed (Conselho Nacional de Secretários da Educação). "Existe
um problema de gestão de Estados
e municípios. As redes são muito
grandes e muita gente pensa da
mesma maneira que há 20 anos. A
TV Escola é um bom instrumento,
mas precisa ser amadurecido",
diz o presidente.
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