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PM matou 5.495 civis em oito anos
CRISPIM ALVES
da Reportagem Local
Levantamento inédito realizado
pela Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo por determinação
da Secretaria da Segurança Pública revela que a PM matou 5.495
civis em oito anos e quatro meses.
Os dados foram publicados ontem no "Diário Oficial" do Estado. A elaboração desse levantamento foi determinada pela secretaria após a descoberta de divergências entre os números de civis
mortos publicados no "Diário
Oficial" e a realidade.
Essas divergências foram detectadas no início do ano pelo ouvidor da polícia, Benedito Mariano.
A Folha revelou que, de janeiro
de 96 a abril de 98, a PM deixou de
comunicar ao gabinete do secretários 318 civis mortos por integrantes da corporação.
O problema ocorreu porque a
secretaria sempre publicou no
DOE dados relativos, apenas, aos
casos de resistência seguida de
morte ocorridos quando o policial
estava em serviço.
Não eram computados os mortos quando o policial estava em
folga nem os casos de homicídio
-quando a Corregedoria da PM
entende que não houve resistência
seguida de morte. Os 318 mortos a
mais estão incluídos nessas faixas.
Por esse motivo, a secretaria determinou que a Polícia Militar -e
também a Polícia Civil- publicassem no "Diário Oficial" do
Estado todos os dados relativos à
violência policial no Estado.
Foi pedido também que o levantamento abrangesse também os
anos de 90 a 94.
Ontem, por mais de três horas, o
coronel Carlos Alberto de Camargo, comandante-geral da PM, explicou aos deputados da comissão
de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa os motivos das divergências.
Camargo voltou a reafirmar que
nunca houve intenção do comando da tropa em ocultar os dados.
"Nenhum caso deixou de ser comunicado à secretaria".
De acordo com ele, todas as
ocorrências envolvendo policiais
são listadas em uma publicação
interna da PM chamada "Informativo".
Essa publicação, diz Camargo, é
enviada diariamente à Secretaria
da Segurança Pública. "Nas primeiras horas da manhã, esse documento é aberto. Nós não temos
nada a esconder de ninguém. É tolo dizer que alguma coisa possa ser
escondida do povo numa democracia". A assessoria de imprensa
da secretaria informou que não
iria comentar as declarações de
Camargo.
Aumento
Camargo reconheceu que aumentou significativamente o número de civis mortos pela PM.
Durante todo o ano passado, policiais militares mataram 405 civis
em ocorrências de resistência seguida de morte ou simplesmente
homicídios.
Nos primeiros cinco meses deste
ano, o número chega a 200.
Camargo atribui o agravamento
do problema ao relaxamento do
Proar (Programa de Acompanhamento de Policiais Envolvidos em
Ocorrências de Alto Risco).
O comandante-geral da PM voltou a prometer que a Polícia Militar de São Paulo será a organização mais transparente do país. "O
policial não é um vilão. Ele não é o
algoz da sociedade."
Durante o depoimento prestado
à comissão de Direitos Humanos,
Camargo expôs todos os projetos
que pretende desenvolver à frente
da PM.
O oficial voltou a pedir apoio da
sociedade e de entidades civis para
realizar as mudanças que pretende
fazer. "Nós vamos fazer as mudanças na política de uma forma
ou de outra, mas isso seria muito
mais fácil se não houvesse o preconceito que existe."
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