São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

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Para Polícia Civil, grupo não é experiente

DA REPORTAGEM LOCAL

O monitoramento de sequestros e a competição com policiais civis no esclarecimento desse tipo de crime fazem parte da história do Gradi/PM. Em alguns casos, policiais civis e militares quase se enfrentaram, por engano, no meio de uma investigação.
O Gradi fez pelo menos cinco pedidos de escuta telefônica para apurar sequestros em andamento ao juiz-corregedor do Dipo (Departamentos de Inquéritos Policiais), Maurício Lemos de Porto Alves, entre fevereiro e dezembro do ano passado -em boa parte das solicitações feitas, a motivação estava incompleta.
O combate às ações do PCC serviu como justificativa da maioria dos pedidos de escuta telefônica feitos pelo grupo nesse período.
Em dois casos de apuração de sequestro, no entanto, a facção criminosa não é mencionada. Em 2 de agosto de 2001, por exemplo, o Gradi pede a interceptação de dois telefones que estariam sendo usados por sequestradores. No dia 5 de novembro do mesmo ano, o grupo pede maior prazo da escuta para cinco telefones, que estariam sendo usados para negociar o resgate em outro sequestro.
As investigações paralelas têm causado constrangimento e situações bizarras entre policiais civis e militares que atuam nessa área. Há um mês, por exemplo, policiais da DAS (Divisão Anti-Sequestro), da Polícia Civil, estavam em uma investigação quando decidiram abordar um suspeito.
A ação despertou a reação de policiais do Gradi que também estavam no caso, segundo policiais da DAS. A PM pediu reforço. Nesse começo de conflito, um dos policiais civis chegou a receber um jato de gás pimenta no rosto.
A situação foi contornada, mas a relação entre policiais civis e militares que atuam na área de sequestro permanece tensa. Muitos delegados fogem do assunto para evitar uma polêmica entre as duas polícias.
A visão de policiais civis é, no entanto, que o Gradi não tem treinamento especializado para atuar na área de sequestros. A falta de prova de vida do sequestrado e a negociação rápida demais, fatos que ocorreram no caso de São Bernardo do Campo, são citados por policiais civis como provas da inexperiência da PM.



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