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Discussão já dura 30 anos
DA REPORTAGEM LOCAL
O debate sobre a descriminalização do aborto já dura pelo menos 30 anos. Dezenas de projetos
de lei nesse sentido já tramitaram
pelo Legislativo, a maioria inspirada no movimento feminista. Ao
mesmo tempo, há outros tantos
projetos prevendo mais restrição
e punição ao aborto, apresentados por grupos conservadores.
Um dos primeiros projetos de
descriminalização do aborto é de
1975 e foi de autoria do então deputado João Menezes. Duramente criticado pela Igreja Católica,
ele nunca chegou a plenário.
Em 1980, o mesmo deputado
apresentou outro projeto que
propunha a ampliação do aborto
legal para casos de anomalia fetal
e de motivação social (mulheres
pobres). Porém o projeto teve o
mesmo destino do anterior.
Ao longo das últimas duas décadas, outros projetos trataram da
descriminalização ou do aumento
das permissões legais ao aborto,
mas não tiveram melhor sorte.
Diante desse quadro, a pergunta
é: há chance de o anteprojeto elaborado pela comissão tripartite
ser aprovado no Legislativo?
Para a médica Fátima de Oliveira, secretária-executiva da Rede
Feminista de Saúde, o movimento
de mulheres está mais organizado
na luta pelos direitos sexuais e reprodutivos. Ela cita o exemplo das
Jornadas Brasileiras pelo Aborto
Legal e Seguro, criada para esse
fim específico e que reúne grupos
e mulheres em todo o país.
"Não tenho dúvida de que a população esteja mais esclarecida de
que a nossa luta é para evitar que
as mulheres continuem morrendo ou correndo sérios riscos à
saúde pelo aborto inseguro. Não
haverá aumento do número de
aborto com a descriminalização."
Para o ginecologista da Unicamp Aníbal Faúndes, embora a
população esteja mais esclarecida,
dificilmente o Legislativo aprovaria um projeto nos moldes propostos pela comissão tripartite.
Ele afirma que é preciso agregar
à discussão medidas como programas de redução da gravidez
indesejada, oferta de diferentes
métodos anticoncepcionais e proteção à mulher pobre que engravida e que deseja ter o filho.
(CC)
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