São Paulo, quarta-feira, 01 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRAGÉDIA EM CONGONHAS/INVESTIGAÇÃO

Pilotos recebem alerta sobre pista lisa

Aviso sobre Cumbica expedido pela FAB é válido a partir do dia 20, três dias depois do acidente da TAM em Congonhas

Pista alvo do alerta é a que deveria passar por reforma neste semestre e que foi chamada de não confiável pelo presidente da Infraero

ALENCAR IZIDORO
KLEBER TOMAZ

DA REPORTAGEM LOCAL

Um alerta enviado aos pilotos que pousam ou decolam de Guarulhos (Grande SP) afirma que uma das pistas do aeroporto está "escorregadia quando molhada" no primeiro terço de seus 3,7 km de extensão.
O aviso foi oficializado por meio de um Notam (Notice to Airmen, algo como "aviso aos pilotos") expedido pela Aeronáutica e válido a partir do dia 20 -três dias depois do acidente da TAM, em Congonhas.
A pista alvo do alerta é a maior do aeroporto de Cumbica, que deveria passar por reforma neste semestre e que foi chamada anteontem de "não confiável" pelo presidente da Infraero, José Carlos Pereira.
A falta de aderência no asfalto se soma a outros problemas, como fissuras e trincas, resquícios de pneus dos aviões (que podem deixá-la mais lisa) e de granulação (ela solta "pedrinhas" que podem ser sugadas por uma turbina de avião).
Pilotos, oficiais da Aeronáutica, controladores de vôo e empresas aéreas ouvidas pela Folha, no entanto, vêem alarmismo em considerá-la insegura e avaliam que a maior preocupação é futura, e não imediata.
Eles consideram que não há riscos significativos hoje, apesar do alerta formalizado sobre a pista escorregadia (que, segundo a Aeronáutica, foi solicitado pela Infraero), mas a maioria defende a necessidade de reforma ainda neste ano.
A avaliação de que atualmente não existe sério perigo se dá, primeiro, porque é usada prioritariamente para decolagens, e não pousos -que são concentrados na outra pista.
Segundo porque, mesmo com um terço afetado, sobram 2,5 km, mais do que os 1,94 km de Congonhas. Terceiro porque esse trecho com baixa aderência é na parte inicial, e não final, para a maioria das operações.
"Há buracos, ondulações, ela precisa de reforma. Mas, hoje, ainda não chega a ser nenhum desespero", afirma Ricardo Sterchele, secretário-executivo da Febracta (federação dos controladores de vôo) e que trabalha em Cumbica.
"Se fosse em Congonhas, daí, sim, seria um desespero", diz Carlos Camacho, diretor do sindicato dos aeronautas.
Os pilotos também já foram informados de que a pista deve sofrer interdições a partir de hoje, pelo prazo de três semanas, das 12h às 17h, para trabalhos de desemborrachamento do pavimento, que tem marcas dos pneus das aeronaves.
A Infraero diz que a obra integra sua programação anual e não vai provocar atrasos por ser em hora de baixo movimento.
A reforma da pista de Guarulhos estava prevista para começar no primeiro semestre deste ano, mas foi postergada para julho. Com a tragédia de Congonhas e a transferência de vôos de lá, ela passou a ser programada pela Anac para 2008.
Há preocupação de que, ao receber maior volume de tráfego, a pista possa se deteriorar com mais rapidez, afetando as férias e inviabilizando as obras num período de chuva.


Texto Anterior: Pressão de empresas já havia adiado reforma
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.