São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2008

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DALTON MARIO HAMILTON (1932-2008)

Um tango ao milongueiro sanitarista

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um homem no Rio chega à festa de terno Armani e se põe a dançar tango, parando para beber um uísque e conversar -sempre- em "portunhol". Afinal, "era um milongueiro, alguém que tinha uma lua-de-mel por ano com a mulher, que dava os discursos mais homéricos e ideológicos do mundo", diz a colega. "Era uma figura" esse Dalton Hamilton.
Numa das festas em que fumava seu Benson & Hedges, estava Sérgio Arouca, mentor da "reforma sanitária" de que Hamilton fez parte - pois também ele foi dos formuladores das garantias de saúde da Constituição.
Argentino de Buenos Aires, lá se formou médico, especializou-se em saúde pública e foi trabalhar com planejamento no governo. Mas "era peronista", diz o filho, e por isso foi perseguido pela ditadura argentina desde 1976. Acabou exilado no Brasil e convidado pelo governo (especialista que era) a assessorar a implantação de um sistema integrado de saúde.
Daí para atuar na Fiocruz era um passo. Foi pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz e seu superintendente de planejamento. Lá "reformulou meio mundo", diz a colega. "E fez muita gente feliz."
Tinha seis filhos e dez netos. Aposentado, fazia o que mais gostava: viajar.
O próximo roteiro já estava planejado: iria com a mulher, de navio, percorrer o sul argentino até a Patagônia. Morreu na sexta passada, aos 75, de infarto.

obituario@folhasp.com.br



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