|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DALTON MARIO HAMILTON (1932-2008)
Um tango ao milongueiro sanitarista
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um homem no Rio chega à
festa de terno Armani e se
põe a dançar tango, parando
para beber um uísque e conversar -sempre- em "portunhol". Afinal, "era um milongueiro, alguém que tinha
uma lua-de-mel por ano com
a mulher, que dava os discursos mais homéricos e ideológicos do mundo", diz a colega. "Era uma figura" esse
Dalton Hamilton.
Numa das festas em que
fumava seu Benson & Hedges, estava Sérgio Arouca,
mentor da "reforma sanitária" de que Hamilton fez parte - pois também ele foi dos
formuladores das garantias
de saúde da Constituição.
Argentino de Buenos Aires, lá se formou médico, especializou-se em saúde pública e foi trabalhar com planejamento no governo. Mas
"era peronista", diz o filho, e
por isso foi perseguido pela
ditadura argentina desde
1976. Acabou exilado no Brasil e convidado pelo governo
(especialista que era) a assessorar a implantação de um
sistema integrado de saúde.
Daí para atuar na Fiocruz
era um passo. Foi pesquisador da Escola Nacional de
Saúde Pública da Fiocruz e
seu superintendente de planejamento. Lá "reformulou
meio mundo", diz a colega.
"E fez muita gente feliz."
Tinha seis filhos e dez netos. Aposentado, fazia o que
mais gostava: viajar.
O próximo roteiro já estava planejado: iria com a mulher, de navio, percorrer o sul
argentino até a Patagônia.
Morreu na sexta passada, aos
75, de infarto.
obituario@folhasp.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: São Paulo teve julho mais poluído dos últimos dois anos Índice
|