São Paulo, sábado, 1 de agosto de 1998

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PF reconstituirá assassinato de delegado

da Reportagem Local

A PF (Polícia Federal) vai fazer a reconstituição da morte do delegado Alcioni Serafim de Santana, 41, que trabalhava na corregedoria do órgão em São Paulo.
Deverão participar da reconstituição os dois acusados de ser os matadores do delegado, Carlos Alberto da Silva Gomes, 39, o "Carlinhos", e Gildásio Teixeira Roma, 26, presos na terça-feira.
Ambos teriam confessado que atiraram no delegado, morto no último dia 27 de maio quando saía de sua casa, na rua Chico Herrera, na Vila Mazzei (zona norte).
A versão dos dois é confirmada pelo laudo, que constatou balas de calibre 38 disparadas por armas diferentes no corpo de Santana.
Ontem, os policiais ouviram o depoimento do informante policial Jildenor Alves de Oliveira a fim de que ele confirmasse a suspeita de que teria contratado os dois matadores a pedido do investigador Carlos Sanches Baena.
Baena é um dos policiais que está preso ao lado do delegado federal Carlos Leonel da Silva Cruz, sob a acusação de extorsão. Jildenor era informante de Baena, que trabalhava no 97º DP. O delegado Edmo Salvattore, que apura o caso, também quer saber de Jildenor qual seria a participação de Cruz.

Depoimentos
A Justiça federal ouviu ontem em São Paulo as testemunhas de acusação no processo contra o delegado da PF Carlos Leonel da Silva Cruz, contra o escrivão da PF Fred Antônio de Souza e contra três policiais civis.
Os cinco são acusados de concussão (exigir vantagem indevida em função do cargo) e abuso de autoridade.
Os acusados teriam invadido o quarto de um hotel, flagrado um advogado com uma garota de programa e exigido dinheiro para que ele não fosse indiciado. O advogado foi levado à noite pelos policiais para a sede da PF, no centro de São Paulo.
Cruz também é suspeito de ter mandado matar o delegado Alcioni Ferreira de Santana, da Corregedoria da Polícia Federal em São Paulo. No entanto, esse processo na Justiça federal não está apurando esse crime.
A juíza Sílvia Figueiredo Marques não informou o conteúdo dos depoimentos. Estão marcados para o dia 7 os depoimentos das testemunhas de defesa.
Cruz está preso juntamente com os outros suspeitos de terem participado da trama para matar Santana. Todos eles estavam sendo investigados por Santana por suposto envolvimento em crimes, como extorsão de comerciantes.
O crime deflagrou uma crise na PF, que culminou em uma operação de "limpeza" com 62 policiais afastados -entre eles, 9 demitidos. (MARCELO GODOY e ANDRÉ LOZANO)



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