São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2004

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RESGATE

Árvore de 23,8 m do Bosque Municipal de Ribeirão Preto tem partes podres

Peroba-rosa de 300 anos é operada

MAURÍCIO BARBOSA
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Uma paciente com cerca de 300 anos de idade e 23,8 metros de altura se recupera de uma cirurgia no Bosque Municipal de Ribeirão Preto: trata-se de uma peroba-rosa, remanescente da mata nativa e espécie em extinção. A árvore corria risco de morte por apodrecimento interno do tronco.
A cirurgia durou quase uma manhã inteira, anteontem, mas o tratamento já dura dois anos. O chefe da "equipe médica" responsável pela cirurgia da Aspidosperma polyneuron -nome científico da árvore- foi o agrônomo australiano Peter Webb.
A peroba-rosa é a mais alta e a mais velha do bosque, e está logo na entrada do parque. Os quatro cabos de aço que a sustentam de pé há um ano são os únicos indícios de que há algo de errado com a anciã, de 1,30 m de diâmetro.
O diagnóstico foi feito há dois anos por profissionais do laboratório de madeira da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz) de Piracicaba. Eles utilizaram uma sonda para medir a resistência e recomendaram dois tratamentos: primeiro a amarração; depois, a cirurgia.
Os cabos de aço e os anéis metálicos sustentam a árvore desde agosto de 2003. Na cirurgia, a diretora do Departamento de Gestão Ambiental da prefeitura, Regina Maria Alves Carneiro, contou com a ajuda do agrônomo australiano, no Brasil há 20 anos.
Para o procedimento cirúrgico, Webb adaptou as técnicas utilizadas nas árvores do Hemisfério Norte para o clima tropical, em particular ao calor de Ribeirão.
Por meio de uma abertura de 1 m no tronco, próximo ao solo, o engenheiro retirou o material podre e aplicou um produto tóxico e uma mistura de argila e esterco. Com isso, espera-se afugentar insetos e inibir fungos e bactérias.
O buraco não foi fechado para haver ventilação interna. No solo, foi feita uma drenagem, para que a água da chuva não fique represada. A paciente deve "receber alta" daqui a um ano, quando técnicos da Esalq voltam a Ribeirão para avaliar a recuperação.


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