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RESGATE
Árvore de 23,8 m do Bosque Municipal de Ribeirão Preto tem partes podres
Peroba-rosa de 300 anos é operada
MAURÍCIO BARBOSA
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Uma paciente com cerca de 300
anos de idade e 23,8 metros de altura se recupera de uma cirurgia
no Bosque Municipal de Ribeirão
Preto: trata-se de uma peroba-rosa, remanescente da mata nativa e
espécie em extinção. A árvore
corria risco de morte por apodrecimento interno do tronco.
A cirurgia durou quase uma
manhã inteira, anteontem, mas o
tratamento já dura dois anos. O
chefe da "equipe médica" responsável pela cirurgia da Aspidosperma polyneuron -nome científico da árvore- foi o agrônomo
australiano Peter Webb.
A peroba-rosa é a mais alta e a
mais velha do bosque, e está logo
na entrada do parque. Os quatro
cabos de aço que a sustentam de
pé há um ano são os únicos indícios de que há algo de errado com
a anciã, de 1,30 m de diâmetro.
O diagnóstico foi feito há dois
anos por profissionais do laboratório de madeira da Esalq (Escola
Superior de Agricultura Luís de
Queiroz) de Piracicaba. Eles utilizaram uma sonda para medir a
resistência e recomendaram dois
tratamentos: primeiro a amarração; depois, a cirurgia.
Os cabos de aço e os anéis metálicos sustentam a árvore desde
agosto de 2003. Na cirurgia, a diretora do Departamento de Gestão Ambiental da prefeitura, Regina Maria Alves Carneiro, contou
com a ajuda do agrônomo australiano, no Brasil há 20 anos.
Para o procedimento cirúrgico,
Webb adaptou as técnicas utilizadas nas árvores do Hemisfério
Norte para o clima tropical, em
particular ao calor de Ribeirão.
Por meio de uma abertura de 1
m no tronco, próximo ao solo, o
engenheiro retirou o material podre e aplicou um produto tóxico e
uma mistura de argila e esterco.
Com isso, espera-se afugentar insetos e inibir fungos e bactérias.
O buraco não foi fechado para
haver ventilação interna. No solo,
foi feita uma drenagem, para que
a água da chuva não fique represada. A paciente deve "receber alta" daqui a um ano, quando técnicos da Esalq voltam a Ribeirão para avaliar a recuperação.
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