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Trabalhar como empregada doméstica é "privilégio"
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando a pobreza (condição da
maioria dos brasileiros e não só
dos habitantes de Guarulhos)
passa a ser o referencial para medir qualidade de vida, chega-se ao
ponto de considerar privilegiada
uma família em que a mulher é
empregada doméstica.
Yara Pisanelli Gustavo de Castro, coordenadora da pesquisa
que elaborou o Mapa da Criança e
do Adolescente de Guarulhos, explica que os parâmetros para medir a qualidade de vida foram elaborados a partir da realidade da
população desse município.
"Por isso a qualidade de vida
média de Guarulhos é, em princípio, diferente da de São Paulo ou
de qualquer outro lugar", diz ela.
Só para efeito de comparação,
em Guarulhos a taxa de analfabetismo entre adultos, em 91, era de
10,33. Em Campinas, município
de porte semelhante, essa taxa era
de 7,58. Em São Caetano, onde
existe um dos maiores índices de
desenvolvimento humano (IDH)
do estado, esse índice era de 5,62.
O resultado da construção de
um referencial próprio para Guarulhos é que 40,5% das famílias
que têm qualidade média de vida,
de acordo com a pesquisa, moram em domicílios considerados
precários. Desses, 15,2% estão localizados em favelas e apenas 60%
têm acabamento de alvenaria.
As donas-de-casa dessas famílias estudaram em média 5,9 anos
e 48,4% atuam como empregadas
domésticas ou prestadoras de serviços não especializados. Entre os
chefes de família, 67,6% têm contrato de trabalho como prestador
de serviço não especializado.
Das famílias de classe baixa,
43,2% moram em favelas, apenas
34,6% têm casa com acabamento
de alvenaria e a dona-de-casa estudou em média 4,7 anos. Entre as
famílias com alta qualidade de vida, apenas 2,4% moram em favelas. As donas-de-casa estudaram
em média 11 anos. Dessas, 65,9%
são trabalhadoras do setor de serviços que não exercem atividades
manuais. Entre os chefes de família, 60% trabalham em caráter
permanente. A maioria tem um
pequeno comércio.
Outro aspecto que diferencia os
grupos identificados na pesquisa
é a migração. Entre os que vivem
no topo dessa pirâmide, 24,8%
nasceram em Guarulhos. Entre o
grupo do meio essa taxa é de
17,9% e o mais baixo é de 16%.
Em relação aos migrantes,
quanto maior o tempo de residência em Guarulhos, mais alta é
a qualidade de vida.
(GA)
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