São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2000

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Trabalhar como empregada doméstica é "privilégio"

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando a pobreza (condição da maioria dos brasileiros e não só dos habitantes de Guarulhos) passa a ser o referencial para medir qualidade de vida, chega-se ao ponto de considerar privilegiada uma família em que a mulher é empregada doméstica.
Yara Pisanelli Gustavo de Castro, coordenadora da pesquisa que elaborou o Mapa da Criança e do Adolescente de Guarulhos, explica que os parâmetros para medir a qualidade de vida foram elaborados a partir da realidade da população desse município.
"Por isso a qualidade de vida média de Guarulhos é, em princípio, diferente da de São Paulo ou de qualquer outro lugar", diz ela.
Só para efeito de comparação, em Guarulhos a taxa de analfabetismo entre adultos, em 91, era de 10,33. Em Campinas, município de porte semelhante, essa taxa era de 7,58. Em São Caetano, onde existe um dos maiores índices de desenvolvimento humano (IDH) do estado, esse índice era de 5,62.
O resultado da construção de um referencial próprio para Guarulhos é que 40,5% das famílias que têm qualidade média de vida, de acordo com a pesquisa, moram em domicílios considerados precários. Desses, 15,2% estão localizados em favelas e apenas 60% têm acabamento de alvenaria.
As donas-de-casa dessas famílias estudaram em média 5,9 anos e 48,4% atuam como empregadas domésticas ou prestadoras de serviços não especializados. Entre os chefes de família, 67,6% têm contrato de trabalho como prestador de serviço não especializado.
Das famílias de classe baixa, 43,2% moram em favelas, apenas 34,6% têm casa com acabamento de alvenaria e a dona-de-casa estudou em média 4,7 anos. Entre as famílias com alta qualidade de vida, apenas 2,4% moram em favelas. As donas-de-casa estudaram em média 11 anos. Dessas, 65,9% são trabalhadoras do setor de serviços que não exercem atividades manuais. Entre os chefes de família, 60% trabalham em caráter permanente. A maioria tem um pequeno comércio.
Outro aspecto que diferencia os grupos identificados na pesquisa é a migração. Entre os que vivem no topo dessa pirâmide, 24,8% nasceram em Guarulhos. Entre o grupo do meio essa taxa é de 17,9% e o mais baixo é de 16%.
Em relação aos migrantes, quanto maior o tempo de residência em Guarulhos, mais alta é a qualidade de vida. (GA)


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