São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2000

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Crianças preferem comprar doce

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de serem do tipo que come de tudo, inclusive legumes e verduras, Carlos Eduardo Pereira Santos, 6, e Julia de Lima Melo, 6, não resistiram. Sozinhos num supermercado, gastaram a maior parte do tempo, e do dinheiro, em doces.
A reportagem levou os dois para fazer compras. Cada um podia gastar até R$ 30 em comida. Com alimentos como frutas, pães, queijo, leite, suco, milho verde em conserva e macarrão, as crianças gastaram, juntas, R$ 23,50 -pouco mais de um terço do total.
Os dois terços restantes foram gastos em balas diversas, pirulitos, chocolates, brigadeiros, quindins e refrigerantes. Inicialmente tranquilos, Carlos e Julia se entusiasmaram diante do corredor das guloseimas.
"É normal porque a criança enxerga primeiro o que lhe é mais atrativo, seja pelo gosto, pelo colorido, pela embalagem ou pela propaganda e brindes", afirma a nutricionista Tânia Rodrigues.
"É bem melhor que vir com a minha mãe porque posso comprar o que quiser", disse Carlos. Ele, que se diz fã de batata e come até espinafre na escola, saiu do supermercado levando como troféu um pote de dois litros de sorvete e um pacote de balas, que não sabia ao certo de que eram, mas que tinha visto num comercial de TV.
O comportamento de Julia também não foi muito diferente. Embora tenha mostrado iniciativa diante das frutas e tenha comprado arroz e milho verde em conserva, ela não escondia sua predileção. "A parte que gostei mais foi a dos biscoitos e chocolates."
Segundo a psicanalista Célia Terra, os doces fazem parte da infância e não devem ser proibidos, mas controlados. "Comer não é só um ato de conservar a vida, é também prazeroso", afirma.
Para uma boa alimentação, ela ressalta o papel dos pais. "É preciso ter paciência e criatividade."
Em casa e na escola, Carlos e Julia têm uma alimentação mais controlada. Carlos não costuma comer muitas guloseimas. A mãe compra poucos doces, biscoitos e refrigerantes; fast-food só de vez em quando. "Adoro arroz com feijão, mas, às vezes, sou obrigado a comer verduras", conta.
Maria Cristina de Lima, mãe de Julia, também coloca limites na alimentação. "Uma vez por semana deixo ela comer pizza no lanche do colégio. Meu marido compra muitos doces e biscoitos, mas deixo tudo à vista para ela aprender a se controlar", diz.
(MARIANA VIVEIROS)


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