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Crianças preferem comprar doce
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de serem do tipo que come de tudo, inclusive legumes e
verduras, Carlos Eduardo Pereira
Santos, 6, e Julia de Lima Melo, 6,
não resistiram. Sozinhos num supermercado, gastaram a maior
parte do tempo, e do dinheiro, em
doces.
A reportagem levou os dois para
fazer compras. Cada um podia
gastar até R$ 30 em comida. Com
alimentos como frutas, pães,
queijo, leite, suco, milho verde em
conserva e macarrão, as crianças
gastaram, juntas, R$ 23,50 -pouco mais de um terço do total.
Os dois terços restantes foram
gastos em balas diversas, pirulitos, chocolates, brigadeiros, quindins e refrigerantes. Inicialmente
tranquilos, Carlos e Julia se entusiasmaram diante do corredor
das guloseimas.
"É normal porque a criança enxerga primeiro o que lhe é mais
atrativo, seja pelo gosto, pelo colorido, pela embalagem ou pela
propaganda e brindes", afirma a
nutricionista Tânia Rodrigues.
"É bem melhor que vir com a
minha mãe porque posso comprar o que quiser", disse Carlos.
Ele, que se diz fã de batata e come
até espinafre na escola, saiu do supermercado levando como troféu
um pote de dois litros de sorvete e
um pacote de balas, que não sabia
ao certo de que eram, mas que tinha visto num comercial de TV.
O comportamento de Julia também não foi muito diferente. Embora tenha mostrado iniciativa
diante das frutas e tenha comprado arroz e milho verde em conserva, ela não escondia sua predileção. "A parte que gostei mais foi a
dos biscoitos e chocolates."
Segundo a psicanalista Célia
Terra, os doces fazem parte da infância e não devem ser proibidos,
mas controlados. "Comer não é
só um ato de conservar a vida, é
também prazeroso", afirma.
Para uma boa alimentação, ela
ressalta o papel dos pais. "É preciso ter paciência e criatividade."
Em casa e na escola, Carlos e Julia têm uma alimentação mais
controlada. Carlos não costuma
comer muitas guloseimas. A mãe
compra poucos doces, biscoitos e
refrigerantes; fast-food só de vez
em quando. "Adoro arroz com
feijão, mas, às vezes, sou obrigado
a comer verduras", conta.
Maria Cristina de Lima, mãe de
Julia, também coloca limites na
alimentação. "Uma vez por semana deixo ela comer pizza no lanche do colégio. Meu marido compra muitos doces e biscoitos, mas
deixo tudo à vista para ela aprender a se controlar", diz.
(MARIANA VIVEIROS)
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