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SEGURANÇA
Segundo o general Alberto Cardoso, situação se originou da ausência do Estado em algumas atividades vitais
FHC pede serenidade em período eleitoral
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao comentar a onda de medo
que tomou conta ontem do Rio, o
presidente Fernando Henrique
Cardoso disse, em Belo Horizonte, que "é preciso evitar que, neste
momento eleitoral, haja aí alguma
confusão na área da segurança
pública". O presidente disse ainda
que essa questão deve ser tratada
com "serenidade".
"Segurança Pública não pode
confundir com eleição. Tem que
trabalhar em conjunto, com serenidade", disse o presidente.
Sem dizer se concordava ou não
com a afirmação, FHC repetiu a
informação do governo do Rio de
que é "um exagero imaginar" que
a situação no Estado fluminense
estava fora de controle pela ação
do tráfico de drogas.
"Eu não estou informado, mas
naturalmente tem que estar sempre alerta: a situação dos presídios, a questão do narcotráfico. O
que não é exagero é que a questão
é ruim. O que foi me dito, e não
estou endossando, é que há um
exagero", afirmou o presidente.
Já o ministro-chefe do Gabinete
de Segurança Institucional da
Presidência da República, general
Alberto Cardoso, afirmou, em
Brasília, que o fato de as quadrilhas fecharem lojas no Rio de Janeiro sem o uso da força, com
simples ameaças, demonstra que
"exercem o controle social, ainda
que temporariamente".
Segundo ele, essa situação se
originou principalmente da ausência do Estado em algumas atividades vitais, "o que acaba sendo
uma condição propícia à formação do chamado Estado paralelo".
Ele disse ter certeza de que a situação não será permanente.
Prevenção
Cardoso participou ontem de
solenidade de assinatura de um
convênio entre o Ministério do
Trabalho e uma fundação da Universidade do Rio de Janeiro com o
objetivo de empregar jovens para
prevenir a violência.
Ele disse parecer irônico que
um convênio para prevenção da
violência estivesse sendo assinado
justamente ontem. "Mas a ironia
é só na aparência. Se ficarmos só
na repressão, é como ficar enxugando o chão com a torneira
aberta", afirmou.
Para o general, a ordem de fechar lojas foi dada por "chefetes
de quadrilhas e bandos", não pelos chefes do crime organizado.
Ele disse que "essas ações são realizadas pela base da pirâmide do
crime organizado, composta
principalmente por jovens que
atuam como buchas de canhão, e
só existem porque são financiadas com dinheiro proveniente de
uma série de atividades ilícitas".
"Essa fonte [de financiamento"
está no topo da pirâmide, frequentando salões da sociedade e
sendo recebida inadvertidamente
por chefes de repartições [públicas", frequentando gabinetes",
disse o general, sem citar nomes.
O ministro da Justiça, Paulo de
Tarso Ribeiro, afirmou às 16h, baseado em informações que disse
ter recebido da governadora Benedita da Silva (PT), que a situação no Rio estava sob controle.
De acordo com o ministro, Benedita afirmou que muitos comerciantes estavam fechando suas lojas movidos por um "efeito manada" e não porque tivessem
sido obrigados.
Afirmou também que "existe uma dimensão de boato" sobre a gravidade da situação.
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