São Paulo, terça-feira, 01 de outubro de 2002

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SEGURANÇA

Segundo o general Alberto Cardoso, situação se originou da ausência do Estado em algumas atividades vitais

FHC pede serenidade em período eleitoral

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao comentar a onda de medo que tomou conta ontem do Rio, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse, em Belo Horizonte, que "é preciso evitar que, neste momento eleitoral, haja aí alguma confusão na área da segurança pública". O presidente disse ainda que essa questão deve ser tratada com "serenidade".
"Segurança Pública não pode confundir com eleição. Tem que trabalhar em conjunto, com serenidade", disse o presidente.
Sem dizer se concordava ou não com a afirmação, FHC repetiu a informação do governo do Rio de que é "um exagero imaginar" que a situação no Estado fluminense estava fora de controle pela ação do tráfico de drogas.
"Eu não estou informado, mas naturalmente tem que estar sempre alerta: a situação dos presídios, a questão do narcotráfico. O que não é exagero é que a questão é ruim. O que foi me dito, e não estou endossando, é que há um exagero", afirmou o presidente.
Já o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Alberto Cardoso, afirmou, em Brasília, que o fato de as quadrilhas fecharem lojas no Rio de Janeiro sem o uso da força, com simples ameaças, demonstra que "exercem o controle social, ainda que temporariamente".
Segundo ele, essa situação se originou principalmente da ausência do Estado em algumas atividades vitais, "o que acaba sendo uma condição propícia à formação do chamado Estado paralelo". Ele disse ter certeza de que a situação não será permanente.

Prevenção
Cardoso participou ontem de solenidade de assinatura de um convênio entre o Ministério do Trabalho e uma fundação da Universidade do Rio de Janeiro com o objetivo de empregar jovens para prevenir a violência.
Ele disse parecer irônico que um convênio para prevenção da violência estivesse sendo assinado justamente ontem. "Mas a ironia é só na aparência. Se ficarmos só na repressão, é como ficar enxugando o chão com a torneira aberta", afirmou.
Para o general, a ordem de fechar lojas foi dada por "chefetes de quadrilhas e bandos", não pelos chefes do crime organizado. Ele disse que "essas ações são realizadas pela base da pirâmide do crime organizado, composta principalmente por jovens que atuam como buchas de canhão, e só existem porque são financiadas com dinheiro proveniente de uma série de atividades ilícitas".
"Essa fonte [de financiamento" está no topo da pirâmide, frequentando salões da sociedade e sendo recebida inadvertidamente por chefes de repartições [públicas", frequentando gabinetes", disse o general, sem citar nomes.
O ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, afirmou às 16h, baseado em informações que disse ter recebido da governadora Benedita da Silva (PT), que a situação no Rio estava sob controle.
De acordo com o ministro, Benedita afirmou que muitos comerciantes estavam fechando suas lojas movidos por um "efeito manada" e não porque tivessem sido obrigados.
Afirmou também que "existe uma dimensão de boato" sobre a gravidade da situação.


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