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CRIME ORGANIZADO
Acusados negam
Cúpula da Segurança é alvo de suspeita no PR
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Uma investigação do Ministério
Público do Paraná volta a apontar
suposto envolvimento da cúpula
da Segurança Pública do Estado
com o crime organizado. O secretário da Segurança, José Tavares,
e o diretor-geral da Polícia Civil,
Leonyl Ribeiro, foram citados em
conversas telefônicas do suposto
chefe de uma quadrilha de roubo
de cargas. Eles estariam interferindo em favor do criminoso. As
conversas foram grampeadas por
ordem judicial.
O monitoramento dos telefones
foi coordenado pela PIC (Promotoria de Investigações Criminais).
O órgão estava investigando o garimpeiro Mário do Amaral Fogassa. Apontado como o chefe da
quadrilha, ele responde a processos por roubo de cargas no Paraná desde 1992. Tavares e Ribeiro
aparecem em conversas interceptadas que Fogassa manteve com
supostos quadrilheiros.
O tráfico de influência teria
ocorrido com a intermediação do
deputado estadual e candidato à
reeleição Carlos Simões (PTB).
O secretário, o diretor-geral da
Polícia Civil e o gabinete do deputado negam as acusações.
Em fevereiro de 2000, denúncias levantadas pela CPI do Narcotráfico levaram à queda da cúpula da segurança, por omissão
ou suposto controle do tráfico.
A atual investigação foi tornada
pública na última sexta, com a
prisão do delegado-chefe da Delegacia de Estelionato e Desvio de
Cargas, Armando Garcia, e mais
12 pessoas. Ele, uma delegada e
um superintendente de polícia foram denunciados à Justiça por indícios de facilitação de liberação
de cargas roubadas, mediante
achaques. A propina paga teria
somado R$ 50 mil. Um tenente da
PM também foi preso, acusado de
receptação.
O advogado do delegado Garcia, Antônio Figueiredo Basto, entra hoje com habeas corpus no
Tribunal de Justiça. Para o advogado, "a prisão do delegado é uma
arbitrariedade" e não há provas
contra seu cliente.
Os 13 presos na sexta-feira integram uma relação de 26 pessoas
denunciadas pela PIC por participação ou envolvimento no desvio
das cargas. Do total, o juiz Hélio
Cezar Engehardt aceitou a prisão
preventiva de 21. Fogassa continua foragido.
Não há acusação formal contra
a cúpula da Segurança Pública.
Mas a promotora Marla de Freitas
Blancet, que presidiu a investigação, cita as conversas grampeadas
de telefones de Fogassa, em que
ele diz a um possível cúmplice
que Tavares, Ribeiro e Simões estariam cuidando do assunto. Simões também é apontado como
tendo emprestado parte dos R$
50 mil pagos de propina.
A promotora disse ontem que
não denunciou o secretário, o diretor da Polícia Civil e o deputado
à Justiça por falta de provas concretas. "Citei as conversas para fazer o elo de ligação, mas o caso
ainda está em investigação."
Segundo Marla Blancet, Simões
pode ter feito o empréstimo sem
saber do uso dado. Ela não divulgou os trechos das degravações
alegando segredo de Justiça.
Quanto à prisão do delegado
Marques, a promotora disse que
há indícios de que ele teria participado indiretamente. "Fiz o pedido de prisão para a equipe, e ele era o chefe", afirmou.
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