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ADMINISTRAÇÃO
Justificativa é a necessidade de fechar as contas e atender às exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal
Prefeitura congela 5% do Orçamento
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo promoveu um congelamento de R$
720 milhões no Orçamento deste
ano para poder fechar as contas.
Ainda assim, terá de cancelar empenhos (desistirá de obras e serviços que estavam programados)
para atender às exigências da Lei
de Responsabilidade Fiscal.
Os R$ 720 milhões congelados
representam 5,25% da receita estimada para 2004. As informações
foram dadas ontem pelo coordenador do Orçamento da Secretaria Municipal das Finanças, José
Pólice Júnior, em audiência pública na Câmara Municipal.
O maior corte de despesas, em
valores absolutos, foi na área da
saúde, que tem também o maior
orçamento entre todas as secretarias da prefeitura.
Dos R$ 1,8 bilhões previstos, foram congelados R$ 209 milhões
(11,5%) nessa pasta. Parte da verba ainda pode ser desbloqueada e
gasta. A saúde é apontada como
uma das prioridades da prefeita
Marta Suplicy (PT) em sua campanha à reeleição.
Em termos percentuais, a secretaria mais afetada foi a de Planejamento Urbano, com 62,5% de
suas verbas congeladas. Em publicidade, a gestão Marta contingenciou apenas R$ 1,5 milhão
-3,7% do previsto.
Os cortes na saúde afetaram,
por exemplo, as obras do Hospital
do M'Boi Mirim, na zona sul da
cidade, que receberam apenas R$
1 milhão dos R$ 25 milhões separados no orçamento.
No Hospital Tiradentes, na zona
leste, só 40,3% das verbas foram
liberadas até agora, segundo consulta ao Sistema de Execução Orçamentária da prefeitura.
O congelamento também atinge
programas sociais, cortando mais
da metade da verba do Bolsa-Trabalho e do Começar de Novo,
programas que auxiliam jovens e
adultos desempregados.
Como é o último ano de seu
mandato, a prefeita Marta Suplicy
(PT) não pode encerrar o ciclo
sem dinheiro em caixa para quitar
seus compromissos -sob risco
de incorrer em crime fiscal, que
pode ser punido com a inelegibilidade e, em último caso, com a prisão do mandatário.
Ao explicar os cortes, Pólice disse que as receitas do município
nos primeiros oito meses deste
ano foram menores do que o esperado. Segundo ele, o motivo foi
o atraso na retomada do crescimento econômico do país.
Em agosto do ano passado,
quando a prefeitura estimou a receita para este ano na elaboração
do Orçamento, previu uma arrecadação de R$ 14,29 bilhões. Acreditava numa recuperação da economia, o que elevaria a arrecadação de impostos e repasses federais, aliviando o caixa municipal.
Como isso não ocorreu, a prefeitura atualizou seus cálculos e
hoje estima encerrar o ano com
uma receita de R$ 13,70 bilhões.
Economia
"Tínhamos uma expectativa de
que a retomada do crescimento se
daria mais cedo do que acabou
acontecendo", afirmou ontem
Pólice. Essa diferença de R$ 590
milhões, já incluída a redução dos
repasses federais, levou a prefeitura a decidir pelo cancelamento de
empenhos nos últimos quatro
meses do ano.
A explicação da prefeitura encontra amparo nos números do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que mostram
que a recuperação dos serviços
-componente do ISS, um dos
principais impostos da prefeitura- só tomou força a partir de
abril deste ano.
A prefeitura afirma que só cancelará empenhos em obras ainda
não iniciadas, não comprometendo a próxima gestão.
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