São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2004

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FORA DA LEI

Policiais teriam sido flagrados ao atirar em 2 moradores de morro do Rio

Corregedor diz ter nova testemunha

DA SUCURSAL DO RIO

O corregedor da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Paulo Passos, disse ontem que uma segunda testemunha relatou ter visto Charles Machado Silva, 16, e Luciano Custódio, 24, serem mortos por policiais da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) na última segunda-feira, durante uma operação no morro da Providência.
A nova testemunha, segundo Passos, prestou depoimento informal a integrantes da corregedoria anteontem, quando a polícia fez perícia técnica no local onde os dois jovens morreram. A identidade é mantida em sigilo.
De acordo com Passos, a testemunha contou que viu por uma janela os policiais matarem os dois jovens com disparos de fuzil.
A testemunha foi convocada ontem a prestar depoimento oficial na corregedoria, mas não compareceu. Passos disse que fará uma intimação.
Anteontem, uma primeira testemunha já havia confirmado a deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa ter visto os jovens serem mortos depois de rendidos.
No entanto o seu depoimento na Corregedoria e no Ministério Público foi considerado contraditório porque, no mesmo relato, ela disse que viu o crime, depois declarou que só ouviu e, em seguida, que só viu um ser morto.
O delegado Passos afirmou que pretende colocar essa primeira testemunha para fazer o reconhecimento dos policiais porque, em conversa com os deputados da comissão, ela teria declarado ser capaz de identificá-los.
Aos deputados, a primeira testemunha afirmou que estava em casa com suas duas filhas quando os jovens bateram na porta pedindo socorro por causa dos tiros.
Ela disse que, meia hora depois, os policiais da Core entraram e retiraram a dupla da casa. Os agentes, segundo a testemunha, mataram primeiro Luciano Custódio e depois Charles. Os tiros, de acordo com ela, foram de arma pequena. Disse ainda ter visto os policiais esfaqueando os rapazes.

Fotos
A acusação contra os policiais surgiu em razão de uma seqüência de fotografias tiradas de um helicóptero da própria polícia.
Cinco policiais que participaram da operação, além do titular da Core, delegado Gláucio Santos, foram afastados. Em depoimento, os suspeitos disseram que renderam os jovens na favela. Logo em seguida, teriam sido alvejados a tiros por traficantes que queriam resgatá-los. Os rapazes rendidos teriam fugido, entrado em uma casa, pego fuzis e atirado nos agentes e, depois, sido alvejados.


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