São Paulo, sábado, 01 de outubro de 2011
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Reitor é persona non grata na São Francisco Por unanimidade, congregação da Faculdade de Direito da USP aprovou na quinta-feira proposta contra Rodas Reitoria anunciou que não vai tomar providências em relação à declaração de professores e alunos LAURA CAPRIGLIONE DE SÃO PAULO Pela primeira vez na história da USP, uma de suas escolas -e entre elas a mais tradicional, a Faculdade de Direito, 184 anos- declara o reitor "persona non grata" no Largo de São Francisco. Nem durante a ditadura militar, em que reitores foram escolhidos por sua disposição de colaborar com o regime, uma faculdade dedicou à autoridade máxima universitária um tal tratamento. O reitor João Grandino Rodas, diga-se, é um quadro intelectual da própria Faculdade de Direito da USP, onde cursou a graduação e iniciou carreira, atingindo o grau de professor titular. Entre 2006 e 2009, Rodas exerceu o cargo de diretor da faculdade. Um dos principais opositores ao reitor dentro da faculdade é o atual diretor, Antonio Magalhães Gomes Filho, que, aliás, foi vice do próprio Rodas quando ele era diretor. Mas a indignação com o reitor vai muito além. Por unanimidade, a congregação da Direito, com representantes de professores, alunos e funcionários, aprovou na quinta-feira a proposta de considerar Rodas persona non grata. "Não foi uma decisão intempestiva. Foi uma resposta ao tratamento desrespeitoso e autoritário que Rodas vem dispensando à faculdade", afirma Maia Franklin de Matos, presidente do Centro Acadêmico 11 de Agosto. "Declaramos persona non grata um diretor que fez a polícia invadir a Faculdade de Direito", disse o atual diretor Magalhães sobre Rodas. Referia-se ao desfecho de um protesto realizado em 2007 nas Arcadas (como a escola é chamada, por causa da arquitetura de suas colunas), durante a chamada Jornada de Luta pela Educação. Outro ponto de atrito entre a faculdade e a reitoria é o chamado "plano de modernização", que Rodas implementou durante sua gestão como diretor e descontinuado na gestão atual. Entra aí o episódio da tentativa de batizar salas de aulas com nomes de doadores de recursos para serem usados na reforma da faculdade. A maioria da Congregação da escola considerou que esses batismos implicavam uma indefensável interferência de interesses privados e vetou as plaquinhas com nomes de "beneméritos". Também houve o caso da transferência da biblioteca da faculdade -160 mil volumes, o maior acervo jurídico do país- no final da gestão do diretor Rodas. Encaixotados, os livros foram enviados para um anexo à faculdade. "O prédio -deterioradíssimo- não tinha a menor condição de abrigar um acervo como aquele", diz a presidente do 11 de agosto. A Congregação ordenou o retorno de parte do acervo ao prédio principal. Mas foram os dois boletins "USP Destaques" que a reitoria mandou distribuir na faculdade que azedaram o clima de vez. Neles, Rodas acusa a atual diretoria da Direito de imoralidade administrativa por não ter dado sequência aos projetos. A congregação, que decidiu interrompê-los, tem autonomia estatutária para fazê-lo. A reitoria anunciou que não vai tomar providências em relação à declaração de "persona non grata". Texto Anterior: Empresário fez shopping para 'vingar' zona norte Próximo Texto: Professores fazem 'domingo de greve' contra tarefa on-line Índice | Comunicar Erros |
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