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CONTRA OS VIZINHOS
Praça no Tatuapé é tomada com shopping
RITA NAZARETH
da Reportagem Local
Filas duplas, congestionamentos, violência, sujeira e
muito barulho. Foi o que os perueiros trouxeram para a praça
Coronel Sandoval Figueiredo,
no Tatuapé (zona sudeste de
SP), segundo os moradores.
O administrador Luiz Augusto Cronhal, 29, conta que há
cerca de um ano as lotações começaram a se instalar na praça.
Entre as 20h30 e as 21h30,
Cronhal anotou cerca de 30
chapas de lotações. "Mais de
70% delas não são legalizadas",
diz.
"As peruas vieram com os
ônibus durante a construção
do Shopping Tatuapé", diz
Cronhal. "Com a inauguração,
na terça-feira, os ônibus foram
para lá e as peruas ficaram."
No dia da inauguração do
shopping, que fica a um quarteirão do local, a Folha esteve
na praça entre as 19h e as 21h.
Dois carros da Companhia de
Engenharia de Tráfego passaram pelo local e não pararam
para organizar o trânsito.
Nesse período, formaram-se
filas duplas de lotações, causando lentidão no local. "Isso
só acontece em horário de pico", diz o cobrador de lotação
André Ricardo Vieira, 17, que
trabalha há três meses na praça.
Na quarta-feira, fora do horário de pico, às 10h, a Folha
voltou à praça e viu uma discussão entre uma moradora e
um motorista de carro particular.
"Como os carros não têm lugar para parar, eles param na
frente das casas", diz a dona-de-casa Vicentina Zicloi.
O aposentado Sebastião Galvão, 71, vigia os carros que estacionam na praça há cinco
anos. Há 15 dias, um perueiro
de Artur Alvim (zona leste)
queria estacionar seu carro no
mesmo local onde ele indicava
uma vaga a um motorista.
"Ele disse que, se eu não saísse da frente, ele passaria por cima", afirma Galvão. "Como
eu fiquei, ele me deu uma cabeçada, que fez com que meu nariz sangrasse durante dois
dias."
Nesse período, Galvão ficou
sem trabalhar. "Só ganho R$
250 de aposentadoria e tenho
de sustentar minha mulher e
duas filhas que ainda estudam."
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