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OPERAÇÃO ANACONDA
Delegado afirma que há imagens dos investigados; material apreendido inclui pelo menos US$ 590 mil e ouro
PF diz ter mais provas contra juízes federais
ANDRÉA MICHAEL
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao anunciar ontem que entregou provas "robustas" ao Ministério Público Federal, o delegado
da Polícia Federal Reinaldo de Almeida Cézar sugeriu que há mais
indícios de comprometimento de
juízes, além de escutas telefônicas
autorizadas pela Justiça.
A "robustez" do processo foi garantida, segundo o delegado, pelos meios mais modernos de investigação, o que incluiria: vigilância dos investigados, imagens,
"diagramas de relacionamentos"
(as pessoas com quem mantêm
contato), entre outros. O delegado evitou dar detalhes porque o
inquérito está sob sigilo judicial.
Entre os 1.300 quilos de documentos e equipamentos apreendidos em 15 mandados de busca
em São Paulo e Maceió, anteontem, estão US$ 550.549 e dois quilos de ouro em barra, encontrados na casa de Norma Regina
Emílio Cunha, ex-mulher do juiz
João Carlos da Rocha Mattos,
além de R$ 50.000 em ações e US$
42.000 em outras dependências.
Também foram encontrados,
em local não revelado por Cézar,
200 quilos de armas e munição e
equipamentos de uma central de
escuta telefônica. A perícia começou a analisar o material ontem.
Há também indicação da existência de depósitos na Suíça, provavelmente, conforme apura a
PF, dos lucros auferidos pela quadrilha que trabalhava em duas linhas, mediante pagamento.
1) Poderiam atrasar ou impedir
investigações no âmbito da PF.
2) Em processos judiciais em
curso, ofereciam sentenças favoráveis aos acusados.
Todo o funcionamento da suposta quadrilha foi descrito em
um relatório de inteligência entregue ao Ministério Público Federal, contendo 178 páginas. O material foi levantado durante um
ano e nove meses de investigação
da PF, originada em Alagoas.
Anteontem, uma força-tarefa
com 140 policiais de diferentes Estados cumpriu a segunda etapa da
Operação Anaconda, prendendo
oito pessoas em São Paulo. Entre
os detidos, estão dois delegados,
um da ativa e outro aposentado,
um agente da Polícia Federal, dois
advogados, dois empresários e a
ex-mulher do juiz Rocha Mattos.
Além de Rocha Mattos, que teve
sua prisão pedida, o Ministério
Público denunciou à Justiça os
juízes federais Ali Mazloum e Casem Mazloum, irmãos que trabalham em varas criminais em São
Paulo. A Justiça ainda não analisou os pedidos e só o fará após
avaliação do material apreendido.
Os juízes negam a acusação e se
dizem vítimas de armação. Rocha
Mattos ainda fez críticas à PF.
Não há, por ora, indícios de envolvimento do narcotráfico com a
organização criminosa da qual fariam parte os três juízes federais.
Até agora, conforme a Folha apurou, os indícios revelam que o suposto esquema beneficiou empresas que atuariam, em São Paulo, com contrabando e mercado
de precatórios (títulos públicos
para pagamento de dívida).
Ontem, o presidente interino do
STJ (Superior Tribunal Federal),
ministro Edson Vidigal, negou liminar que livraria da prisão Norma Cunha. Para ele, a ordem de
prisão não contém "ilegalidade
ou resquício de abuso de poder".
Os advogados de Norma disseram que o decreto de prisão, da
desembargadora federal Therezinha Cazerta, conteria erros, como
a afirmação de que ela estaria na
Suíça e não em São Paulo.
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