SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Maurício Corrêa, defendeu apuração rigorosa da suspeita de envolvimento de juízes federais em São Paulo em um esquema de venda de sentenças, mas disse que eles devem permanecer no cargo, ao menos por enquanto.
Corrêa disse que os juízes acusados não podem ser considerados culpados com base só em investigação preliminar e ponderou que o episódio é muito negativo para a imagem do Poder Judiciário, "que já tem um desgaste perante a opinião pública", ainda que eles venham a ser absolvidos.
"Não é porque sejam membros do Judiciário que não merecerão a punição devida, mas é preciso ficar bem claro que se trata de investigação preliminar e não se pode culpar ninguém por enquanto." Para Corrêa, "todo e qualquer cidadão brasileiro que praticar atentado contra a lei, sobretudo contra o patrimônio público, deve ser punido incontinente".
Sobre a possibilidade de imediato afastamento dos três juízes, indagou: "Como é que eu vou estabelecer um juízo de valor aqui se eu não sei o que aconteceu lá?".
Em seguida, foi mais enfático: "Imagina se mandar afastar e amanhã ou depois ficar provado não ter nada contra ele. Como fica a honorabilidade dele, a situação dele perante a própria sociedade? É necessário haver o mínimo juízo de valor para saber se há participação ou não no episódio".
Corrêa negou que o crime organizado esteja infiltrado na Justiça. "Não posso dizer que haja isso. Há investigações que poderão conduzir a um caso isolado ou não. Até agora não há nada."
O presidente do STF disse esperar que a força-tarefa não tenha sido motivada por atritos entre membros do Ministério Público e do Judiciário. "Há locais no Brasil em que há certa fricção entre organismos que atuam na área do Judiciário. Espero que não tenha essa conotação de vingança."


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