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São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2003

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Operação gera crise na PF paulista

DA REPORTAGEM LOCAL

A força-tarefa que prendeu oito pessoas anteontem -duas delas policiais federais- na capital paulista, na investigação sobre um suposto esquema de venda de sentenças judiciais, provocou uma crise na Polícia Federal de São Paulo e protestos de entidades de policiais.
Além de só contar com policiais federais de fora de São Paulo, a força-tarefa surpreendeu até o superintendente da PF paulista, Francisco Baltazar da Silva. Ele só soube da operação quando várias pessoas já haviam sido presas.
O superintendente não fala do caso. Pessoas que estavam com ele logo após ter recebido a notícia da operação disseram à Folha que Silva ligou para Brasília cobrando satisfações. A exclusão da PF de São Paulo na ação também revoltou vários delegados paulistas.
Entidades de delegados e agentes federais se reuniram ontem para protestar contra a ação. "A operação sem a presença de agentes paulistas arranhou a credibilidade da Polícia Federal daqui. Foi como se todos fossem suspeitos, inclusive eu", afirmou o presidente da Federação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, Armando Coelho Neto.
Segundo ele, a ação feita por procuradores da República e agentes de outros Estados, sem a presença de policiais paulistas, foi "arbitrária" e "antiética". "Ele [o superintendente de São Paulo] ficou perplexo", disse Coelho Neto. As entidades pretendem encaminhar uma carta de protesto ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e ao Departamento da Polícia Federal, em Brasília.
Coelho Neto também questionou as denúncias feitas contra os policiais. "A sentença é vazia e subjetiva", disse o sindicalista, que visitou ontem na carceragem da PF o delegado da ativa José Augusto Bellini, responsável pelo setor de passaportes, e o delegado aposentado Jorge Luiz Bezerra da Silva. Segundo ele, os dois negaram participação no esquema.
A Procuradoria da República em São Paulo, que coordenou a força-tarefa, informou que não iria comentar as declarações. Segundo um procurador, a medida visava evitar vazamentos de informações, já que a investigação envolvia policiais paulistas, inclusive o corregedor Dirceu Bertin.
Responsável por investigar colegas na superintendência paulista, Bertin deverá ser afastado de suas funções, segundo o delegado da PF Reinaldo de Almeida Cézar.


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