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Operação gera crise na PF paulista
DA REPORTAGEM LOCAL
A força-tarefa que prendeu oito
pessoas anteontem -duas delas
policiais federais- na capital
paulista, na investigação sobre
um suposto esquema de venda de
sentenças judiciais, provocou
uma crise na Polícia Federal de
São Paulo e protestos de entidades de policiais.
Além de só contar com policiais
federais de fora de São Paulo, a
força-tarefa surpreendeu até o superintendente da PF paulista,
Francisco Baltazar da Silva. Ele só
soube da operação quando várias
pessoas já haviam sido presas.
O superintendente não fala do
caso. Pessoas que estavam com
ele logo após ter recebido a notícia
da operação disseram à Folha que
Silva ligou para Brasília cobrando
satisfações. A exclusão da PF de
São Paulo na ação também revoltou vários delegados paulistas.
Entidades de delegados e agentes federais se reuniram ontem
para protestar contra a ação. "A
operação sem a presença de agentes paulistas arranhou a credibilidade da Polícia Federal daqui. Foi
como se todos fossem suspeitos,
inclusive eu", afirmou o presidente da Federação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, Armando Coelho Neto.
Segundo ele, a ação feita por
procuradores da República e
agentes de outros Estados, sem a
presença de policiais paulistas, foi
"arbitrária" e "antiética". "Ele [o
superintendente de São Paulo] ficou perplexo", disse Coelho Neto.
As entidades pretendem encaminhar uma carta de protesto ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz
Bastos, e ao Departamento da Polícia Federal, em Brasília.
Coelho Neto também questionou as denúncias feitas contra os
policiais. "A sentença é vazia e
subjetiva", disse o sindicalista,
que visitou ontem na carceragem
da PF o delegado da ativa José Augusto Bellini, responsável pelo setor de passaportes, e o delegado
aposentado Jorge Luiz Bezerra da
Silva. Segundo ele, os dois negaram participação no esquema.
A Procuradoria da República
em São Paulo, que coordenou a
força-tarefa, informou que não
iria comentar as declarações. Segundo um procurador, a medida
visava evitar vazamentos de informações, já que a investigação
envolvia policiais paulistas, inclusive o corregedor Dirceu Bertin.
Responsável por investigar colegas na superintendência paulista, Bertin deverá ser afastado de
suas funções, segundo o delegado
da PF Reinaldo de Almeida Cézar.
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