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São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2003

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BLECAUTE

Algumas áreas, no entanto, ainda estão sem energia; aos poucos, o trânsito e a água estão sendo normalizados

Luz volta a Florianópolis após 53 horas

Claudio Silva/"Diário Catarinense"
Técnicos constroem a rede emergencial que levará energia para a parte insular de Florianópolis


JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

Após quase 53 horas sem energia, a maior parte dos moradores da ilha de Santa Catarina, que comporta 85% do território de Florianópolis, celebrava ontem, por volta das 18h, a volta da luz depois de nove adiamentos.
Parte da população pôde acender lâmpadas mais cedo, às 11h, no centro (46 horas depois do apagão), mas, até a conclusão desta edição, vários bairros da ilha continuavam sem luz.
Aos poucos, o trânsito e o abastecimento de água começam a ser normalizados. A distribuição hídrica estaria totalmente regular só depois de 72 horas, segundo a Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento).
A segunda noite sem iluminação na parte insular da cidade teve arrombamentos de casas, incêndio provocado por velas em três casas geminadas e um estupro. Segundo o comandante do policiamento metropolitano, Eliésio Rodrigues, o Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) teve ontem um aumento de 40% nas chamadas em relação à madrugada anterior. Cerca de 30% delas eram para atendimentos sociais, como transporte de doente ao hospital e socorro a gestantes.
"As pessoas estão assustadas com a segunda noite sem luz. A qualquer ruído chamam a polícia. As ocorrências policias continuam menores do que a normalidade", disse Rodrigues.
Nas duas noites do blecaute, houve queda de 30% na média de ocorrências policiais na cidade, que varia de 500 a 600.

Investigação
O Ministério Público Estadual abriu investigação para apurar as responsabilidades pelo acidente, que deixou cerca de 300 mil pessoas sem luz e água por mais de dois dias, e se as soluções encontradas "dão segurança aos cidadãos", segundo o procurador-geral do Estado, Pedro Sérgio Steil. Florianópolis tem 342.315 habitantes, segundo o Censo 2000.
O blecaute ocorreu durante manutenção de cabos em uma galeria da Celesc sob a ponte Governador Colombo Machado Salles.
A Celesc ainda não começou a apurar as causas do acidente. "Priorizamos buscar uma solução para o problema. Agora investigaremos as causas. Se a responsabilidade for da companhia, seguiremos as normas do setor elétrico e assumiremos o que nos couber", disse o presidente da companhia estatal, Carlos Rodolfo Schneider.
A volta da energia na ilha foi obtida com uma operação emergencial. Cabos elétricos foram puxados de uma subestação de energia que fica na parte continental até outras duas na porção insular.
Estruturas de sustentação com até 20 metros foram cravadas nos canteiros, e uma passarela sobre a ponte Governador Pedro Ivo Campos foi interditada para ceder lugar aos cabos. Às 11h, o centro da ilha voltou a ter eletricidade, atendendo, 45% da população, segundo a Celesc.
Mas, às 17h, o fornecimento foi cortado de novo para que outra subestação fosse integrada ao sistema. Após 30 minutos, a empresa anunciou que toda a ilha tinha energia -o que foi desmentido mais tarde. Um erro técnico na montagem do sistema alternativo foi encontrado e, por isso, alguns bairros continuariam sem energia até a noite de ontem.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) abriu processo para apurar responsabilidades e a causa do acidente. Caso constate que houve falha da Celesc, a empresa poderá ser multada em até 2% de sua receita anual.
A agência também pode punir a distribuidora pela demora na retomada do fornecimento. Em julho, a Aneel multou a Celesc em R$ 1,5 milhão porque a empresa superou a meta de frequência e duração de interrupções no fornecimento de energia no continente. A empresa recorreu.

Colaborou a Sucursal de Brasília


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