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URBANISMO
Arquiteto disse que vai solicitar que conselho reconsidere o veto à demolição parcial de sua obra no Ibirapuera
Niemeyer vai pedir reavaliação da marquise
DA REPORTAGEM LOCAL
O arquiteto Oscar Niemeyer
disse ontem que irá pedir ao Conpresp (conselho municipal do patrimônio histórico de São Paulo)
uma reavaliação do projeto em
que pede a demolição de parte da
marquise do Ibirapuera. O parque paulistano, projetado por
Niemeyer nos anos 50, é tombado, e o órgão se manifestou contra
a obra no ano passado.
A mudança, segundo o arquiteto, é necessária para a instalação
de uma praça entre a Oca e o recém-inaugurado auditório. Nessa
área, a marquise possui um "bico"
que dividiria a futura praça em
duas. O trecho a ser suprimido
mede aproximadamente 40 metros de comprimento e cerca de
1.000 m2. Ao todo, a marquise
possui cerca de 27 mil m2.
A polêmica em torno da demolição da marquise voltou à tona
no último fim de semana, quando
o prefeito José Serra (PSDB) disse
ser a favor da mudança proposta
por Niemeyer. O arquiteto, aliás,
viajaria a São Paulo no último sábado para conversar com o prefeito sobre o assunto -o encontro foi adiado pois Niemeyer machucou um braço numa queda.
Além disso, a seção paulista do
IAB (Instituto dos Arquitetos do
Brasil) encaminhou ao Conpresp
uma carta pedindo que o conselho analise novamente a demolição da marquise. A carta chegou
ao órgão na última semana.
Para o presidente do Conpresp,
José Eduardo de Assis Léfevre, a
declaração do prefeito não interfere diretamente nas ações do órgão. "O conselho é um órgão técnico, que toma decisões técnicas,
e não políticas." Isso não significa
que o prefeito não tenha poder sobre o órgão -seis das nove vagas
existentes no Conpresp são indicações feitas por secretarias municipais. "O prefeito pode querer
substituir todos os membros [do
conselho], mas a minha posição é
contrária [à demolição da marquise] e não abro mão de minha
convicção pessoal", disse.
Já o pedido do IAB gerou uma
dúvida para o conselho, afirma
Léfevre, pois, tradicionalmente,
são os autores do projeto ou proprietários do imóvel que pedem
ao conselho o desarquivamento e
a reavaliação de um projeto já julgado -medida conhecida como
"reconsideração de despacho".
Segundo Léfevre, a possibilidade de o IAB entrar com o pedido
será discutida na próxima reunião do órgão de preservação, na
terça-feira da semana que vem.
Para a conselheira Mônica Junqueira, o IAB não pode pedir a reconsideração de despacho. "O caso, em princípio, estava encerrado no Conpresp." Segundo ela, só
Niemeyer poderia fazer o pedido.
Ontem, ao ser informado do
impasse pela reportagem, o arquiteto disse que iria providenciar
o pedido de reavaliação do projeto da marquise. "É lógico que
quero que seja analisado novamente", disse Niemeyer, que considera a discussão em torno do
projeto "inútil". O "bico" da marquise o incomoda tanto que o arquiteto decidiu não conhecer o
novo auditório do parque, também projetado por ele, enquanto
a demolição não for realizada.
"A marquise está de acordo
com o projeto original do parque,
que é uma obra emblemática da
São Paulo dos anos 50", afirma o
presidente do Conpresp, que é
contra a obra.
Já Mônica Junqueira, também
conselheira do órgão, é a favor da
demolição. Para ela, o novo formato da marquise faz parte do
projeto do auditório. "Eu era contra a construção do auditório,
mas, agora que ele foi feito, tem
que demolir parte da marquise."
A obra do auditório também foi
antecedida por problemas relacionados ao tombamento -o
Ministério Público Estadual alegava que a obra contrariava resolução do Condephaat (conselho
estadual de preservação). O órgão
apóia a demolição parcial da marquise.
(AMARÍLIS LAGE)
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