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Base de Lula livra ex-chefe da Infraero em CPI
Senadores governistas aprovam relatório paralelo na CPI do Apagão Aéreo, isentando o deputado Carlos Wilson (PT)
Texto aprovado pede o indiciamento de Denise Abreu, ex-diretora da Anac, e de funcionários do 2º escalão da Infraero
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A base aliada do governo no
Senado aprovou ontem relatório paralelo na CPI do Apagão
Aéreo e derrubou, por seis votos a um, o do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que
foi o relator da CPI. Os governistas retiraram o pedido de indiciamento do deputado Carlos
Wilson (PT-PE), que deixou a
presidência da Infraero em
março de 2006, e de outros ex-dirigentes da estatal.
A única integrante da antiga
diretoria da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) com indiciamento pedido é Denise
Abreu, acusada de fraude processual, falsidade ideológica e
improbidade administrativa.
Em nota, a assessoria de Denise disse que o relatório foi
aprovado por "meia dúzia de
parlamentares" e mostra o
"descaramento no qual parte
da base governista transformou aquela Casa".
No começo do mês passado, o
relatório aprovado pela CPI do
Apagão Aéreo na Câmara também não pediu o indiciamento
de ex-diretores da Infraero e da
Anac. As diretorias da estatal e
da agência foram trocadas após
a posse de Nelson Jobim no Ministério da Defesa, em julho.
Sem votos para aprovar o relatório principal no Senado e
após tentativa frustrada de
adiar a votação, a oposição deixou a sala da CPI antes mesmo
de o senador João Pedro (PT-AM) ler seu relatório paralelo.
O texto de Demóstenes acusava 23 pessoas de desviar R$
500 milhões do dinheiro que
deveria ser investido no setor e
apontava a corrupção como
uma das causas da crise aérea.
Pediu indiciamento de todos.
Os governistas retiraram nove nomes da lista do democrata
e mantiveram 14 pessoas, a
maioria funcionários do segundo escalão da Infraero, além de
incluírem dois empresários do
setor de mídia aeroportuária.
"Três pessoas demitidas pelo
próprio governo por corrupção
foram absolvidas. Ficaram os
pés de chinelo", disse Demóstenes, que irá encaminhar seu relatório à Polícia Federal e ao
Ministério Público.
Pelo relatório aprovado, que
também será enviado ao Ministério Público, não há provas
que justifiquem o indiciamento
de nove funcionários da Infraero, sendo que três deles foram
demitidos por justa causa por
recomendação da CGU (Controladoria Geral da União).
Com relação a Wilson, a explicação é que outros ex-presidentes da empresa no governo
Fernando Henrique também
respondem a processos na Justiça e que isso não é motivo para que sejam indiciados, pois
não houve condenação.
Com 22 páginas, contra 1.102
do relatório de Demóstenes, o
texto aprovado pelos governistas não apontou as causas da
crise aérea nem apresentou sugestões para resolver os problemas, além de ter rejeitado a tese de corrupção na Infraero.
Para melhorar a segurança
nos vôos, o texto propôs auditoria no sistema de manutenção
da TAM, da GOL e da Varig.
Sobre o acidente com o avião
da TAM, o relatório diz que, se a
empresa e a Anac tivessem adotado "normas mais rigorosas de
segurança, vidas poderiam ter
sido salvas". O senador João
Pedro, porém, disse que isso
não significa que está responsabilizando os dois pelo acidente. Questionado, respondeu:
"Significa o que está escrito".
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