São Paulo, quinta-feira, 01 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

José Carlos da Fonseca, um ruralista

WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Houve um tempo em que os políticos usavam chapéu e eram mais honestos, pensava José Carlos da Fonseca. Todos os fins de semana -ninguém sabe por que só nesses dias- ele punha o seu na cabeça e saía para passear.
"Política não é profissão", dizia o admirador de Getúlio Vargas e Carlos Lacerda, que mais tarde apoiaria a ditadura. Nascido em São José do Calçado (ES), formou-se advogado nos anos 1950 -mas foi como repórter que começou a carreira. Foi editor, trabalhou no rádio e, mesmo idoso, não abandonava sua carteirinha de jornalista.
Foi deputado estadual em 1966 e duas vezes federal apoiando a ditadura, em 1970 pela Arena e em 1982 pelo PDS. Foi também um dos 65 deputados a votar contra a emenda Dante de Oliveira, que previa eleições diretas em 1984.
Quando ainda não se falava de "bancada ruralista" no Congresso, ele tinha a cafeicultura como bandeira política. Não à toa foi nomeado diretor do Instituto Brasileiro do Café. Foi ainda vice-governador do Espírito Santo e ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho).
Aposentado desde 1993, só fazia o que gostava. Advogava, ouvia ópera, escrevia poemas, bebia vinho -às vezes com os três filhos e quatro netos. Morreu sexta no hospital, de câncer, em Brasília, aos 76 anos.


Texto Anterior: Mortes
Próximo Texto: Polícia investiga se dinheiro de ex-interno veio do tráfico
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.