São Paulo, quinta-feira, 01 de novembro de 2007

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Polícia investiga se dinheiro de ex-interno veio do tráfico

Anderson Batista disse ter recebido de R$ 600 mil a R$ 700 mil do padre Júlio

Dois pontos-de-venda de drogas seriam comandados pela mulher de Batista, Conceição Eletério, também acusada de extorsão

DIEGO ZANCHETTA
DO "AGORA"

A Polícia Civil investiga se parte do dinheiro que o ex-interno Anderson Batista, 25, alega ter recebido do padre Júlio Lancelotti, 58, veio do tráfico de crack e cocaína.
Preso na última sexta-feira sob acusação de extorquir dinheiro do religioso, Batista disse à polícia ter recebido do padre Júlio, durante seis anos, de R$ 600 mil a R$ 700 mil.
O ex-interno da Febem (atual Fundação Casa) afirma que o dinheiro era dado em troca de relações sexuais. O advogado do padre, Luiz Eduardo Greenhalgh, disse, no sábado, calcular que Lancelotti repassou cerca de R$ 150 mil ao ex-interno em três anos, sob ameaças de agressão física e de falsa acusação de pedofilia. Foi o padre quem procurou a polícia para denunciar Batista.
A hipótese levantada pelos investigadores é que Batista adotou uma defesa estratégica para "esquentar" valores obtidos com a venda de drogas.
A polícia apura se pelo menos dois pontos-de-venda de drogas seriam comandados pela mulher de Batista, Conceição Eletério, 44, também presa sob acusação de extorsão.
Conceição chegou a ser presa pelo Denarc (Departamento de Narcóticos) em 1996, acusada de traficar crack no centro.
O advogado Nelson da Costa, 47, negou que Batista e Conceição tenham envolvimento com o tráfico. "Só a Conceição teve uma passagem [por tráfico].
Aliás, a Conceição foi acusada de tráfico, mas acabou enquadrada como usuária."

Outra extorsão
Além de denunciar Batista, o padre Júlio também reclamou à polícia, no início deste ano, estar sendo "incomodado" por outra pessoa, o garoto de programa Marcos José de Lima, 31, que lhe pedia dinheiro.
O religioso procurou a 1ª Delegacia Seccional para relatar estar sendo incomodado por Lima, mas não quis registrar a queixa, segundo a Secretaria de Segurança Pública.
De acordo com a polícia, o padre Júlio disse que já havia dado dinheiro para Lima, mas queria cessar a doação. A polícia disse ter investigado Lima e, tempo depois, o prendeu portando cocaína.
Em depoimento à Justiça em setembro, Lima negou que a droga fosse sua e afirmou que a prisão foi forjada pelos policiais a pedido do padre.
Ainda segundo Lima em seu depoimento, ele e o padre mantinham um relacionamento homossexual e, por isso, ele recebia dinheiro do religioso.


Colaboraram ANDRÉ CARAMANTE , KLEBER TOMAZ e ROGÉRIO PAGNAN , da Reportagem Local


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