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Polícia investiga se dinheiro de ex-interno veio do tráfico
Anderson Batista disse ter recebido de R$ 600 mil a R$ 700 mil do padre Júlio
Dois pontos-de-venda de drogas seriam comandados pela mulher de Batista, Conceição Eletério, também
acusada de extorsão
DIEGO ZANCHETTA
DO "AGORA"
A Polícia Civil investiga se
parte do dinheiro que o ex-interno Anderson Batista, 25, alega ter recebido do padre Júlio
Lancelotti, 58, veio do tráfico
de crack e cocaína.
Preso na última sexta-feira
sob acusação de extorquir dinheiro do religioso, Batista disse à polícia ter recebido do padre Júlio, durante seis anos, de
R$ 600 mil a R$ 700 mil.
O ex-interno da Febem
(atual Fundação Casa) afirma
que o dinheiro era dado em troca de relações sexuais.
O advogado do padre, Luiz
Eduardo Greenhalgh, disse, no
sábado, calcular que Lancelotti
repassou cerca de R$ 150 mil ao
ex-interno em três anos, sob
ameaças de agressão física e de
falsa acusação de pedofilia. Foi
o padre quem procurou a polícia para denunciar Batista.
A hipótese levantada pelos
investigadores é que Batista
adotou uma defesa estratégica
para "esquentar" valores obtidos com a venda de drogas.
A polícia apura se pelo menos
dois pontos-de-venda de drogas seriam comandados pela
mulher de Batista, Conceição
Eletério, 44, também presa sob
acusação de extorsão.
Conceição chegou a ser presa
pelo Denarc (Departamento de
Narcóticos) em 1996, acusada
de traficar crack no centro.
O advogado Nelson da Costa,
47, negou que Batista e Conceição tenham envolvimento com
o tráfico. "Só a Conceição teve
uma passagem [por tráfico].
Aliás, a Conceição foi acusada
de tráfico, mas acabou enquadrada como usuária."
Outra extorsão
Além de denunciar Batista, o
padre Júlio também reclamou
à polícia, no início deste ano,
estar sendo "incomodado" por
outra pessoa, o garoto de programa Marcos José de Lima, 31,
que lhe pedia dinheiro.
O religioso procurou a 1ª Delegacia Seccional para relatar
estar sendo incomodado por
Lima, mas não quis registrar a
queixa, segundo a Secretaria de
Segurança Pública.
De acordo com a polícia, o padre Júlio disse que já havia dado dinheiro para Lima, mas
queria cessar a doação.
A polícia disse ter investigado Lima e, tempo depois, o
prendeu portando cocaína.
Em depoimento à Justiça em
setembro, Lima negou que a
droga fosse sua e afirmou que a
prisão foi forjada pelos policiais
a pedido do padre.
Ainda segundo Lima em seu
depoimento, ele e o padre mantinham um relacionamento homossexual e, por isso, ele recebia dinheiro do religioso.
Colaboraram ANDRÉ CARAMANTE , KLEBER
TOMAZ e ROGÉRIO PAGNAN , da Reportagem
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