|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Entidades farão um abaixo-assinado em defesa do religioso
DA REPORTAGEM LOCAL
Entidades de direitos humanos começaram ontem uma
mobilização nacional "pela defesa da obra e da história" do
padre Júlio Lancelotti. Hoje, às
15h, membros dessas instituições entregarão ao religioso e à
imprensa um abaixo-assinado
em solidariedade a ele.
A entrega do documento está
marcada para acontecer na
porta da Casa Vida, uma das entidades assistenciais coordenadas por Lancelotti.
De vítima na suposta extorsão praticada pelo ex-interno
da Febem (atual Fundação Casa) Anderson Marcos Batista,
Lancelotti também passou a
ser investigado pela Polícia Civil, depois que uma mulher (cuja identidade a polícia não revela) disse que o viu, entre 1999 e
2000, praticando atos libidinosos com um adolescente, dentro de uma das entidades assistenciais mantidas por ele.
De acordo com Antonio Carlos Malheiros, presidente da
Comissão Justiça e Paz de São
Paulo, as entidades de defesa
dos direitos humanos não vão
interferir no que se refere à suposta extorsão que levou Lancelotti e Batista à polícia.
Questionado se acredita que
Lancelotti pode ser vítima de
uma armação para ter a sua
imagem destruída, Malheiros
respondeu: "O padre Júlio Lancelotti, no correr da vida dele,
fez muitos inimigos, até porque
ele sempre dizia a verdade, e essa verdade atingia muitas pessoas. Hoje, pode acontecer uma
articulação para não só desmobilizar a luta do padre Lancelotti como para desmobilizar a
luta de todas as comissões de
direitos humanos".
"Nós acreditamos no padre
Júlio Lancelotti. Acreditamos
nos valores do padre como lutador pelos direitos humanos,
como defensor dos moradores
de rua, como pai das crianças
que estão nas casas Vida e como
aquele que, há muitos anos, denuncia com muita coragem,
muita liberdade, todas as agressões que ocorrerem, de uma
maneira muito mais violenta,
na Febem", disse Malheiros,
que é desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Conceição Paganele, presidente da Amar (associação de
mães de internos da Febem) e
uma das pessoas que mais
manteve contato com internos
infratores detidos em São Paulo nos últimos anos, afirmou
ontem que "Lancelotti é mais
uma vítima da perseguição
contra as pessoas que defendem os direitos humanos".
"Os meninos e suas famílias
sempre disseram que o padre
Júlio era uma pessoa que estava na Febem para garantir os
direitos deles, para defendê-los", disse Conceição, que não
se recorda de ter visto Batista
na antiga Febem.
"Os danos causados às imagens do padre Júlio [Lancelotti], das entidades de defesa dos
direitos humanos e da igreja
são irreparáveis, mas a vida é
assim. A atuação do padre sempre foi muito polêmica e muita
clara na defesa dos direitos humanos." Essa é a análise que
dom Pedro Luiz Stringhini, bispo auxiliar de São Paulo, fez ontem do episódio em que o ex-interno Batista e Lancelotti estão envolvidos.
Vulnerável
A mãe do padre Júlio, Wilma,
disse ontem que o religioso está
cansado, magoado e vulnerável.
Sobre as acusações de que o
padre teria mantido relações
com o ex-interno, ela disse:
"Convenhamos que é uma acusação do tamanho de um bonde, principalmente para um padre. Ele é inocente. Na minha opinião, todo mundo é inocente até que se prove o contrário."
Wilma também disse que seu
filho tem feito alguns exames
médicos, pois está bastante fragilizado. O padre Júlio se recusou a falar ontem. De dentro de
casa, pediu que a reportagem
não perdesse tempo insistindo.
Seu advogado, Luiz Eduardo
Greenhalgh, não foi localizado.
(ANDRÉ CARAMANTE)
Colaborou DANIELA ARRAIS
Texto Anterior: Extorsão: Advogado de Batista será alvo de apuração Próximo Texto: Procuradoria vai investigar falhas na fiscalização do leite Índice
|