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Procuradoria vai investigar falhas na fiscalização do leite
Ministério Público Federal de Minas abriu inquérito para apurar a vigilância feita pelo Ministério da Agricultura
Possível existência de fraudes similares em outros laticínios nas regiões de Uberaba e Passos também será alvo de investigação
Lula Marques/Folha Imagem
![](../images/c0111200701.jpg) |
Assessores do deputado federal Paulo Piau (PMDB-MG) servem leite que ele levou à Câmara |
DA FOLHA RIBEIRÃO, EM UBERABA
DA FOLHA RIBEIRÃO
O Ministério Público Federal
de Minas Gerais abriu um inquérito civil para apurar falhas
no sistema de fiscalização do
SIF (Serviço de Inspeção Federal), do Ministério da Agricultura, e a possível existência de
fraudes similares em outros laticínios das regiões de Uberaba
e Passos.
O procurador da República
de Uberaba, Bruno Nominato
de Oliveira, pretende ouvir nos
próximos dias pessoas e autoridades mineiras envolvidas na
fraude do leite. "A permanência
do fiscal do Ministério da Agricultura dentro dos laticínios
pode ter contribuído para as
fraudes", afirmou.
A Folha procurou ontem o
ministério para comentar o assunto, mas não houve resposta
até o fechamento desta edição.
Na semana passada, a operação Ouro Branco da Polícia Federal prendeu em Uberaba 19
pessoas acusadas de adicionar
no leite substâncias como soda
cáustica e água oxigenada para
aumentar o volume e o prazo
de validade, entre elas diretores da Copervale (Cooperativa
Regional de Leite do Vale do
Rio Grande).
Cinco deles foram soltos na
sexta-feira e, ontem à noite, seria libertado o presidente, Luiz
Gualberto Ribeiro Ferreira.
Mesmo após sua saída, a Copervale continuará sendo dirigida pelo interventor Geraldo
Cardoso Sobrinho, segundo a
Justiça Federal.
Outros quatro detidos em
Passos também deixariam a cadeia ontem à noite.
Fraude antiga
As suspeitas de adulteração
do leite produzido no país já
existiam há quatro anos, de
acordo com Jorge Rubez, 70,
presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite.
Segundo ele, há quatro anos
foi feita a análise em parte dos
laticínios e marcas do Brasil e
em aproximadamente 3% foram constatadas irregularidades, mas nada foi feito e ninguém foi punido. "Não deu em nada porque o caso se perdeu
na burocracia."
Rubez disse que, à época,
poucos laboratórios do país tinham condições técnicas para
fazer a análise do soro do leite e
que equipamentos foram comprados para municiar os centros, mas o caso se perdeu em
questões jurídicas.
"Nem os nomes e a quantidade de empresas envolvidas foram divulgadas, mas o episódio
foi positivo para o setor", disse.
Apesar de não ter havido punição, Rubez afirmou que a fiscalização acabou com a fraude,
porque todas as cooperativas
sabiam que os órgãos estavam
aparelhados para encontrar
possíveis irregularidades.
No caso de Uberaba, na avaliação dele, a fraude só foi possível porque houve participação de fiscais do SIF. "Tinha a conivência dos fiscais. Senão,
não faz [a fraude]. Muito raramente consegue fazer isso."
Apesar de se dizer favorável à
ação da PF, ele disse que foi
exagerada. "Era preciso ter
prova, contraprova, multar e
fechar. Depois da contraprova,
tem direito de defesa e, só depois disso, [poderia] prender."
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